Especialista da OMS culpa governos europeus e avisa sobre terceira vaga

David Nabarro afirmou numa entrevista a jornais suíços que a reação da Europa à primeira vaga "foi incompleta" - daí estar-se numa segunda vaga, sendo previsível uma terceira no início de 2021
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Um especialista da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a questão da pandemia de covid-19 prevê uma terceira vaga na Europa no início de 2021, se os governos europeus repetirem o que ele disse ser um "fracasso em fazer o que era necessário" para prevenir a segunda onda de infeções.

"Eles [governos europeus] não trataram de construir a infraestrutura necessária [de combate à pandemia] durante os meses de verão, depois de terem colocado a primeira vaga sob controlo", disse David Nabarro, da OMS, em entrevista a jornais suíços.

"Agora temos a segunda vaga. Se eles voltarem a não adotar as medidas e infraestruturas necessárias, então teremos uma terceira onda da pandemia no início do próximo ano ", disse Nabarro, um britânico que fez campanha, sem sucesso, para se tornar diretor-geral da OMS em 2017.

A Europa viveu, durante os meses de verão, uma queda nas taxas de infeção, que agora estão a aumentar novamente: Alemanha e França no sábado viram os casos aumentar em 33 000 combinados, Suíça e Áustria têm milhares de casos diariamente, enquanto a Turquia relatou um recorde de 5 532 novas infecções

Nabarro destacou a mudança da Suíça, que relaxou restrições para permitir o esqui - com máscaras exigidas -, enquanto outras nações alpinas, como a Áustria, fecharam resorts. Segundo o especialista da OMS, a Suíça pode vir a atingir um "nível muito alto de doenças e mortes" como consequência.

"Uma vez que as taxas de infeção diminuam, e irão diminuir, então poderemos ser tão livres quanto quisermos", disse Nabarro ao Solothurner Zeitung. "Mas agora? As estações de esqui devem ser abertas? Em que condições?"

Nabarro elogiou a resposta de países asiáticos como a Coreia do Sul, onde as infeções agora são relativamente baixas: "As pessoas estão totalmente empenhadas, assumem comportamentos que dificultam o vírus. Eles mantêm distância, usam máscaras, isolam-se quando estão doentes, lavam as mãos e as superfícies. E protegem os grupos mais ameaçados. "

Também disse que a Ásia não relaxou as restrições prematuramente: "Devemos esperar até que o número de casos esteja baixo e permaneça baixo." Ou seja: "A reação da Europa foi incompleta" e as restrições desvalorizadas muito cedo.

Em Portugal, morreram 3 897 pessoas dos 260 758 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1 381 915 mortos resultantes de mais de 58,1 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

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