Afluência em massa às urnas em Espanha: participação aumenta quase 10 pontos em relação a 2016

Urnas encerram às 20.00 (19.00 em Lisboa). Na Catalunha, a taxa de participação era, às 18.00 (17.00 em Lisboa), 17,81% superior às anteriores legislativas espanholas. Espanhóis votam para escolher novo Parlamento. Expectativa é enorme para ver se bipartidarismo é o grande derrotado ou se, por outro lado, o voto útil no PSOE e no PP fala mais alto

A taxa de participação nas eleições legislativas em Espanha era de 60,72% às 18.00 (17.00 em Lisboa) deste domingo, 9,50% mais do que nas eleições de 26 de junho de 2016, segundo dados oficiais. Trata-se da sexta taxa de participação mais elevada da história de democracia espanhola, quando comparada por períodos homólogos, desde a registada em 1993. Na Catalunha a afluência está a bater recordes, sobretudo nas circunscrições em que os independentistas são mais fortes, sendo, às 18.00 locais, de 64,19%, 17,81% mais do que a registada há três anos.

As urnas em Espanha abriram hoje às 09.00 locais (08.00 em Lisboa) em Espanha, onde 36,9 milhões de eleitores irão escolher os 350 deputados. A maioria absoluta situa-se nos 176.

O secretário-geral do PSOE e atual primeiro-ministro, Pedro Sánchez, chegou às 09.15 locais (08.15 em Lisboa) ao Centro Cultural Volturno em Pozuelo de Alarcón, uma localidade de Madrid, acompanhado pela sua mulher, Begoña Gómez, para exercer o seu direito de voto.

Em declarações à imprensa depois de votar, o líder do PSOE desejou que seja uma jornada eleitoral "o mais tranquila possível" e sem nenhum tipo de sobressalto.

"E, acima de tudo, que os espanhóis participem com uma maioria muito sólida para que a mensagem enviada seja uma mensagem contundente, clara, do que queremos para os próximos quatro anos", disse Sánchez, perante várias dezenas de pessoas que gritavam "presidente, presidente".

Já Pablo Casado, líder do rival PP, preferiu outro vaticínio: "Eu gostaria que saísse um governo estável das urnas para evitar esta sucessão de eleições e legislaturas fracassadas que temos vivido nos últimos dois anos. Por isso, é importante que votemos todos com cabeça", afirmou Pablo Casado em declarações aos jornalistas.

O presidente do PP apelou aos espanhóis para que votem "com cabeça", lembrando que exercer o direito de voto é um "ato de maior confiança na democracia".

Depois de votar no colégio Nuestra Señora del Pilar de Madrid, acompanhado pela mulher, Isabel Torres, Pablo Casado manifestou o desejo de que haja uma "participação máxima" nas eleições, afirmando que será "fundamental", porque o que "vai sair das urnas vai condicionar o futuro da Espanha.

"Votar é dar um mandato muito claro aos políticos de quem quer ver a garantir a educação dos seus filhos, a pensão dos seus pais, o emprego do seu parceiro ou a segurança ou a unidade nacional do seu país", sublinhou Casado, cujo partido estava em segundo lugar nas sondagens com cerca de 20% das intenções de voto.

Por isso, defendeu, é "muito importante" que cada espanhol reflita no ato de votar e tenha a consciência que o seu voto condicionará "o futuro dos seus e o futuro também de seu país".

Pablo Casado destacou ainda o "clima de convivência e concórdia" que se vive neste dia de eleições e concluiu manifestando o desejo de que o PP possa celebrar "bons resultados" esta noite.

Quase 37 milhões de espanhóis escolhem hoje os os 350 deputados e 208 senadores das Cortes Gerais e votam nas eleições para o parlamento regional na Comunidade Valenciana.

Um executivo estável terá de ser apoiado por uma maioria absoluta de 176 deputados que vão ser eleitos para o Congresso dos Deputados, a câmara baixa das Cortes Gerais espanholas.

Alberto Rivera, do Ciudadanos, votou sozinho pelas 10.00 (09.00 em Lisboa), disse em declarações aos jornalistas que estas "não são umas eleições quaisquer" porque os votantes devem decidir entre "uma Espanha que olhe para a frente ou para o passado", "de centro ou de extremos".

O líder do Ciudadanos, da direita liberal, pediu que os eleitores apostem por "uma Espanha ao centro, que olhe o futuro, que dê a mão e defenda igualdade e liberdade".

Para isso, considerou, é necessário "uma mudança de etapa, de era e de governo, tudo junto".

"Se não votarmos continuará tudo igual, continuarão os de sempre", acrescentou Rivera, que prometeu que se chegar à Moncloa abrirá "uma nova era de Espanha diversa e plural, mas forte e unida".

O líder do Podemos (principal partido da coligação Unidas Podemos), Pablo Iglesias, votou às 09.45 (08.45 em Lisboa) na escola pública de Navata, em Madrid.

"Hoje é um dia bonito e especial para votar numa escola pública onde queremos que os nossos filhos estudem", afirmou Pablo Iglesias, em declarações aos jornalistas depois de exercer o seu direito de voto.

"Um dia em que muitos espanhóis vão visitar a escola pública é um belo dia para recordar como é importante a educação pública e como é importante para a nossa democracia a necessidade de a proteger", enfatizou.

Pablo Iglesias desejou ainda que haja uma grande afluência às urnas, considerando que isso seria a "melhor notícia para a democracia".

Santiago Abascal, líder do Vox, votou na escola pública Pinar del Rey, em Madrid, tendo afirmado que: "Milhões de espanhóis vão votar com esperança, sem medo, de nada nem de ninguém".

"O mais importante é que a partir das 20.00 [19.00 em Lisboa], quando as urnas são abertas e os votos são contados, todas as forças políticas respeitem o resultado eleitoral, defendam a democracia, defendam a nação e defendam a convivência entre todos os espanhóis", sublinhou o líder do partido de extrema-direita, que nas eleições autonómicas de 2 de dezembro na Andaluzia conseguiu 12 deputados, surpreendendo tudo e todos.

Em Portugal estão inscritos mais de 11 mil eleitores espanhóis, mas só podem votar aqueles que expressamente comuniquem antecipadamente essa intenção.

À saída da urna colocada no Consulado de Espanha em Lisboa, a escassos metros da avenida da Liberdade, Lourdes Hernandez Calvarro, natural de Cáceres, mas a viver em Portugal há 29 anos e casada com um português (que a acompanhou até ao consulado) admitiu que não costuma votar muitas vezes, dizendo que esta é provavelmente a segunda vez que o faz.

"Creio que é muito importante que todos os espanhóis votem. Julgo que há muita indecisão e há que votar porque as coisas não estão claras", declarou Lourdes Hernandez.

A cidadã espanhola salientou que, "apesar de estar fora de Espanha e as decisões políticas naquele país não a afetarem diretamente porque a sua vida se desenrola em Portugal", considera que é importante que todos votem, observando que, apesar da distância, "segue atentamente o que se passa em Espanha" em termos políticos.

A mesma cidadã espanhola admitiu que "a não haver continuidade" política em Espanha, isso poderá afetar o desenvolvimento, porque "vem um Governo faz uma coisa" e depois vem outro fazer o contrário.

"Creio que é necessário que haja estabilidade", disse, manifestando a convicção de que o "sentimento" que a levou hoje a votar será o mesmo que provavelmente fará com que haja uma grande afluência de votantes em Espanha.

Em sua opinião, há muitos indecisos, mas eventualmente isso deve-se ao facto de as pessoas não quererem revelar a sua intenção de voto, acreditando que à ultima da hora os chamados indecisos irão votar em alguém.

Quanto ao futuro de Espanha, disse acreditar que "será sempre mais ou menos bom", esperando que as eleições contribuam para que seja para bem.

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