Espanha: 812 mortos nas últimas 24 horas. É uma ligeira descida
No primeiro dia em que cumpre uma suspensão de toda a atividade não essencial, Espanha registou uma ligeira descida no n úmero de mortes. Morreram 812 pessoas nas últimas 24 horas (tinham sido quase 900 no domingo). Ao todo, 7340 pessoas já perderam a vida em Espanha devido a covid-19 e 85 195 estão infetadas.
A decisão do governo de Pedro Sanchéz de suspender atividades não essenciais está a provocar críticas de empresários, a queda da bolsa e divisão política. O decreto só foi conhecido quando era quase meia-noite de domingo, o que levou o governo a aplicar uma moratória de 24 horas para que as empresas procedam à suspensão de atividade.
A decisão tem um objetivo de conter a epidemia e de saúde pública mas está a lançar o país na incerteza. O Governo espanhol aprovou um decreto que confina em casa todos os trabalhadores não essenciais, de segunda-feira até 09 de abril, sem perda de vencimento, para conter a doença covid-19.
A execução será de forma a que "ninguém perca direitos", nem os trabalhadores, que vão receber o seu salário, nem as empresas, já que os empregados vão recuperar essas horas depois, disse a ministra do Trabalho, Iolanda Díaz, que resumiu a decisão com uma frase: "Não são umas férias".
Estão excluídos da decisão os setores da saúde, as forças de segurança, o setor agroalimentar e o transporte de mercadorias. Estabelecem-se ainda mais de três dezenas de exceções, que vão dos que distribuem alimentos a domicilio aos trabalhadores de locais de vendas de jornais.
Mas esta medida terá custos enormes para Espanha e está provocar acesa discussão. A paragem de todas as atividades não essenciais durante duas semanas será equivalente a perder qualquer coisa como 40 mil milhões de euros em apenas um mês, segundo o jornal El Pais. O PIB deve cair mais de dois dígitos, antevê o jornal de Madrid.
A Confederação Espanhola de Organizações Empresariais (CEOE) contesta a decisão de Pedro Sanchez. Fala em precipitação e falta de diálogo. A lista das atividades que permanecem em laboração só foi conhecida domingo à noite e Antonio Garamendi, presidente da CEOE, a principal confederação empresarial, critica: "Poderia ser feito de maneira diferente. À meia-noite menos de um quarto ainda não sabiamos o que iria ter que parar." O Governo acabou por dar uma tolerância de 24 horas às empresas.
Garamendi e outros líderes de organizações patronais criticam também a lei que impede os despedimentos. "As multas às empresas não permitem os despedimentos, só restará o encerramento", alertou.
O turismo terá perdas enormes - Espanha era um dos países mais visitados do mundo -, outros setores essenciais já alertam para sérios problemas. A agricultura aponta que poderá haver falta de mão de obra, sendo um setor que dependia muito de imigrantes que não estão a chegar com as restrições impostas em todo o mundo.
Nos supermercados começa a notar-se igualmente uma preocupante escassez de recursos humanos com muitos trabalhadores em quarentena, devido à escalada de contágio por todo o país mas especialmente em Madrid e na Catalunha.