Escrava sexual foi obrigada a comer o filho de um ano

Deputada yazidi contou que para resgatar as vítimas do Estado Islâmico é preciso comprá-las
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Uma mulher Yazidi foi feita escrava sexual do grupo terrorista Estado Islâmico e foi levada a comer o próprio filho de um ano. Outra menina, de 10 anos, foi violada até à morte em frente ao pai e às cinco irmãs.

Estas histórias foram contadas por Vian Dakhil, a única deputada yazidi do parlamento iraquiano. Numa entrevista emocionante ao canal egípcio Extra News, Dakhil descreveu a torturas das mulheres yazidi raptadas pelo Estados Islâmico.

"Uma das mulheres que conseguimos resgatar do Estado Islâmico contou que estava presa numa cave durante três dias, sem comida nem nada", contou Dakhi. "Depois eles trouxeram-lhe um prato de arroz com carne. Ela comeu tudo porque tinha muita fome. Quando ela acabou de comer eles disseram-lhe: 'nós cozinhámos o teu filho de um ano que raptámos e foi isso que acabaste de comer'".

Na entrevista, que foi traduzida pelo Instituto de Pesquisa de Media do Oriente Médio, Dakhil contou que para resgatar as mulheres yazidi raptadas pelo Estado Islâmico é preciso comprá-las. "Alguém liga e diz que tem uma certa rapariga e quer vendê-la. Eles ligam para a família da rapariga e nós compramo-la", contou a deputada.

"Vocês pagam o resgate", corrigiu o entrevistador. "Não. Nós comprámo-la. Nós, os yazidi, em pleno século XXI, compramos as nossas filhas e as nossas mulheres", respondeu a deputada, que tem dado voz ao drama desta minoria étnica e religiosa.

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Um relatório das Nações Unidas de 2016 concluiu que está a haver um genocídio da comunidade yazidi na Síria e no Iraque. O grupo Estado Islâmico recorre a homicídios em massa, escravatura sexual e tortura para dizimar esta etnia.

Segundo o relatório, citado pelo The Guardian, os homens yazidi são obrigados a converter-se ao islamismo ou morrem e as mulheres são violadas e vendidas como escravas sexuais.

O Estado Islâmico refere-se aos yazidis como "uma minoria pagã cuja existência deve ser questionada pelos muçulmanos" e defende que as mulheres yazidis "devem ser escravizadas como despojos de guerra", dizia o relatório.

"Nenhum outro grupo religioso presente nas áreas controladas pelo Estado Islâmico na Síria e no Iraque tem sido sujeito à destruição que os yazidi têm sofrido", conclui o relatório. Há cerca de 700 mil yazidis no mundo, sendo que a maioria vive no Iraque.

"A pergunta que fazemos é 'porquê'. Porque é que estes selvagens fazem isto connosco'", perguntou a deputada a chorar.

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