E ao terceiro dia o shutdown nos EUA acabou (por agora)
O Senado aprovou ontem a legislação que permite a reabertura do governo dos Estados Unidos até 8 de fevereiro, pondo fim a um shutdown de três dias causado pelo impasse entre democratas e republicanos sobre imigração e segurança das fronteiras. Os primeiros defendiam que quaisquer legislação para manter o governo a funcionar a curto prazo devia incluir proteções para os dreamers, enquanto os segundos garantiram que não iriam negociar sobre imigração enquanto os democratas não votassem a favor do fim do shutdown.
Esta paralisação do governo - que começou no sábado, data do primeiro aniversário da presidência Trump - tinha levado ontem dezenas de milhares de funcionários federais a começarem encerrar os seus locais de trabalho esta segunda-feira, o primeiro dia útil desde o shutdown, mas serviços essenciais como segurança e defesa mantiveram as suas atividades normais. Mais afetados foram parques e monumentos nacionais, como a Estátua da Liberdade e os Arquivos Nacionais, que foram encerrados, causando a fúria de milhares de turistas. O último shutdown datava de 2013, durante a presidência de Barack Obama, e durou 17 dias.
O financiamento do governo federal expirou à meia noite de sexta-feira e senadores e congressistas trabalharam durante o fim de semana para tentar resolver a situação. O esboço de um acordo começou a ser desenhado durante um encontro bipartidário de senadores mantido no domingo e ontem de manhã. Ontem, o líder da minoria no Senado, Chuck Schumer, anunciou ter chegado a um entendimento com o líder dos republicanos no Senado, Mitch McConnell, para manter o governo a funcionar nas próximas três semanas e para abordar a situação dos dreamers - mais de 700 mil imigrantes ilegais levados para os EUA ainda crianças.
"Em algumas horas, o governo federal vai voltar a abrir. Mas a liderança republicana tem 17 dias para encontrar uma solução para os dreamers", disse Schumer, na sessão do Senado antes da votação de ontem, que precisava de 60 votos favoráveis. O resultado acabou por ser 81-18, sendo que dois republicanos - Mike Lee (Utah) e Rand Paul (Kentucky) votaram contra.
Mitch McConnell prometeu permitir um debate de imigração justo e aberto "para considerar uma proposta que realmente pode ser assinada em lei, um grupo bipartidário e bicameral já está a negociar e aguardo com expectativa a conclusão de seu trabalho". Este debate terá lugar se não for alcançado um acordo sobre a imigração até 8 de fevereiro.
O passo seguinte é a votação na Câmara dos Representantes, já que o texto atual não é o mesmo que aprovaram na quinta-feira, onde se esperava que fosse aprovada ainda ontem pela maioria republicana. Do lado dos democratas, o apoio não deverá espelhar o que aconteceu no Senado. Uma fonte disse à CNN que Nancy Pelosi, a líder da minoria, está a a planear votar não devido à falta de garantias sobre a questão dos dreamers, e deverá ser seguida por outros congressistas do seu partido.
"Se não for suficiente para os democratas, então estamos nisto para o longo prazo", disse uma fonte republicana. "Se é o suficiente para o Flake, a Collins e o Graham - que querem isto resolvido tanto como eles - deveria ser suficiente para os democratas", acrescentou a mesma fonte, referindo a Jeff Flake, Susan Collins e Lindsey Graham, três senadores republicanos grandes defensores dos dreamers.
O vice-presidente dos Estados Unidos congratulou-se com o fim da paralisação do governo federal, a que os republicanos têm chamado de "Schumer shutdown". "Os americanos sabem o que aconteceu. Uma minoria no Senado escolheu paralisar o governo, negando aos nossos soldados benefícios e salários que eles ganharam, comprometendo os serviços do governo apenas para promover uma questão relacionada com a imigração ilegal, mas o Schumer shutdown falhou", afirmou Mike Pence.
Espera-se que Donald Trump assine esta legislação, dando mais tempo ao Congresso para tentar chegar a um acordo numa solução a longo prazo que resolva questões como a imigração, segurança fronteiriça e limitação de gastos.
"Fico satisfeito que os democratas e o Congresso tenham caído em si e estão agora dispostos a financiar os nossos grandes militares, guardas fronteiriços, equipas de socorro e seguros para crianças vulneráveis. Como sempre disse, uma vez que o governo seja financiado, a minha Administração trabalhará para resolver o problema da muito injusta imigração ilegal. Vamos fazer um acordo de longo prazo sobre a imigração se e só se for bom para o nosso país", afirmou Donald Trump, numa declaração lida pela porta-voz da Casa Branca.
Com o fim do shutdown, Trump irá manter a sua viagem ao Fórum Económico Mundial, que se realiza esta semana em Davos, na Suíça.