Dois mortos em Londres: quem são os "heróis" que dominaram o atacante
Nas muitas imagens que surgiram do ataque na Ponte de Londres, uma destacou-se: a de um homem de sobretudo escuro a afastar-se - com uma enorme faca na mão -, do local onde vários outros cidadãos lutam com o atacante para o dominar.
"Este homem estava a caminhar atrás de nós do outro lado da Ponte de Londres quando o ataque começou. Correu pelo meio do trânsito e saltou por cima do separador central para dominar o atacante com vários outros homens. Nós afastámo-nos mas parece que ele o desarmou. Coragem espantosa", afirma George Roberts, uma testemunha do ataque que esta sexta-feira fez dois mortos e três feridos no centro de Londres.
Um homem esfaqueou várias pessoas na Ponte de Londres e acabou por ser abatido pela polícia depois de ser dominado por um grupo de transeuntes. O ataque está a ser investigado como um atentado terrorista.
Nas redes sociais, são esses homens que não hesitaram em pôr em risco a própria vida para evitar que o atacante provocasse ainda mais vítimas que estão a ser saudados como "heróis". Mas a sua coragem também foi saudada tanto pelo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, como pelo mayor de Londres, Sadiq Kahn. No momento do ataque, o homem usava um colete de explosivos, que se revelou ser falso. Mas isso estes homens que o dominaram não sabiam ainda.
"Este é o género de pessoa que deviam ser condecorada!", escreve Gill Stewart no Twitter. Já outro londrino, Steve Brunton, garante na mesma rede social: "Deviam dar uma medalha a este tipo... e todos lhe devemos uma cerveja. Nunca mais devias ter de pagar uma bebida, meu amigo!".
O empresário - pelo menos é assim que os media britânicos se referem a ele - que tirou a faca ao atacante não é o único rosto a emergir do grupo de homens que o dominou. Um jovem que, apesar de ter visto o colete explosivo que o homem trazia, não saiu de cima dele até à chegada da polícia também está a ver a sua valentia destacada.
"Gostaria de reconhecer a extraordinária valentia que demonstraram os cidadãos que interferiram fisicamente para proteger a vida dos restantes. Para mim representam o melhor do nosso país e gostaria de agradecer-lhes por isso em nome de todos nós", garantiu o primeiro-ministro Boris Johnson. O chefe do Governo britânico garantiu ainda que "qualquer pessoa que esteja envolvida neste crime, nestes ataques, vai ser perseguida e levada à justiça". Boris Johnson afirmou que, apesar de estarem a decorrer investigações, o incidente está, aparentemente, contido. Ainda assim apelou à população para estar vigilante.
Também Sadiq Kahn, o mayor de Londres, saudou a coragem dos homens que agiram para conter o atacante. "O que me parece impressionante em todas estas imagens que vimos é o heroísmo incrível dos cidadãos que literalmente correram em direção ao perigo sem saberem o que iam encontrar. Sem dúvida, representam o melhor que somos".
Em conferência de imprensa, o comissário-adjunto da unidade britânica de antiterrorismo, Neil Basu, declarou o incidente como um "ataque terrorista" e confirma que o suspeito foi morto no local.
A Ponte de Londres estava fechada e as estradas nas imediações cortadas ao trânsito para garantir que não há explosivos, afirmou o responsável. As estações de metro mais próximas, Monument e London Bridge, também foram fechadas após o ataque. Neil Basu adiantou ainda que o colete de explosivos que o atacante usava deveria ser falso. Aos jornalistas, o comissário afirmou que a investigação está a ser levada a cabo pela unidade de contraterrorismo, mas a polícia admite todas as possibilidades.
No passado, a Ponte de Londres foi palco de um ataque terrorista. A 3 de junho de 2017, três homens lançaram uma carrinha contra quem ia a passar sobre a ponte londrina, fazendo três mortos. Os três ocupantes acabaram por fugir a pé depois de o veículo se despistar. Armados com facas, mataram outras cinco pessoas antes de serem abatidos pela polícia.
Os terroristas fizeram ainda 48 feridos. Quando foram abatidos, usavam falsos coletes explosivos. Dentro da carrinha que abandonaram também foi encontrado material explosivo. Segundo as autoridades, os três atacantes eram muçulmanos a viver no Reino Unido que se inspiraram no Estado Islâmico. Este ataque surgiu três meses depois de um semelhante na Westminster Bridge, quando o britânico Khalid Masood lançou o carro contra os transeuntes antes de abandonar o veículo e esfaquear um agente da polícia. O atacante foi abatido, mas o ataque, também inspirado pelo Estado Islâmico, fez cinco mortos e mais de 40 feridos.
Nos últimos anos, Londres foi palco de vários ataques terroristas. O maior foi o de julho de 2005, quando 52 pessoas foram mortas em explosões coordenadas no metro e num autocarro da capital britânica. Os ataques foram reivindicados pela Al-Qaeda.