Diretor da CIA avisa Trump para ter cuidado com o que diz e ficar atento à Rússia
O diretor da CIA, John Brennan, deixou uma mensagem de despedida muito séria a Donald Trump, dias antes de o presidente eleito dos Estados Unidos assumir o cargo, alertando-o contra a suavização das sanções contra a Rússia e aconselhando-o a ter cuidado com o que diz.
Brennan repreendeu Trump por comparar as agências de serviços secretos dos EUA à Alemanha nazi, num comentário que reflete a tensão entre o novo presidente e as 17 agências de inteligência que ele vai comandar quando tomar posse na sexta-feira.
Numa entrevista na "Fox News Sunday", Brennan questionou a mensagem enviada ao mundo quando o presidente eleito diz que não tem confiança nas próprias agências de inteligência dos Estados Unidos.
"O que eu acho escandaloso é equiparar a comunidade de inteligência à Alemanha nazista. É algo que me perturba muito, e não há nenhuma base para o Sr. Trump apontar dedos à comunidade de inteligência por lançar informações que já estavam disponíveis publicamente", disse Brennan.
As críticas de Brennan surgem depois de uma semana tumultuosa de troca de acusações entre Trump e líderes de agências de serviços secretos sobre um relatório que afirmava que a Rússia tinha coligido informações comprometedoras sobre Trump.
O dossiê cheio de histórias não confirmadas foi resumido num relatório dos serviços secretos dos EUA apresentado a Trump e ao presidente cessante Barack Obama, um documento em que se conclui que a Rússia tentou influenciar o resultado das eleições de 8 de novembro a favor de Trump, através de pirataria informática e outros meios. O relatório não avaliou, no entanto, se as tentativas da Rússia afetaram os resultados da eleição.
Brennan também alertou para as relações dos EUA com a Rússia. Trump prometeu melhorar as relações com Moscovo, apesar das críticas de que parece estar demasiado ansioso de ser afirmar como aliado de Putin.
Brennan argumenta que Trump ainda não tem um entendimento completo das ações da Rússia, disse Brennan, salientado os casos da Crimeia, o apoio ao presidente Bashar al-Assad na guerra civil da Síria e as atividades agressivas no domínio cibernético.
"O Sr. Trump tem de perceber que absolver a Rússia de várias ações dos últimos anos é uma estrada que ele, segundo o que acho, precisa de ser muito, muito cuidadoso em seguir", disse Brennan.