Olivera Cirkovic, atualmente com 49 anos, é famosa desde que se lembra. Oriunda de boas famílias da Sérvia, foi uma excelente aluna no liceu além de estrela de basquetebol europeu - mede 1,93 metros. Depois, quando a Jugoslávia se desintegrou - ainda era diretora desportiva do clube Estrela Vermelha de Belgrado -, acabou presa. Era um dos membros do grupo de assaltantes denominado Panteras Cor-de-Rosa, suspeito de ter roubado joias em 35 países. Cirkovic lançou um livro em que conta a sua experiência e garante que as suas histórias podem chegar a Hollywood..Eu, Pantera Rosa, assim se chama a obra lançada recentemente, chamou todas as atenções durante a 37.ª edição da Feira do Livro de Zagreb. "O meu livro é um protesto contra a injustiça e a hipocrisia social no mundo ", disse Cirkovic à agência Efe..Como é que uma estrela do basquetebol feminino entra no mundo do crime organizado é justificado pela escritora com a situação política e económica do seu país. Nos anos 1990, quando a Jugoslávia começou a desintegrar-se, em Belgrado multiplicavam-se os negócios ilegais: ganhava-se dinheiro fácil e muito rapidamente. Como? Através do contrabando ou da compra e venda de bens roubados.."Vivemos anos de guerra e de violência. Houve falsos ídolos e pessoas que prosperaram na guerra que nos eram apresentados como patriotas", recorda..Oliveira Cirkovic, que é também escritora e pintora, sempre foi apologista da "não violência". O grupo em que estava inserida foi chamado pela Interpol de Panteras Cor-de-Rosa porque nunca magoavam ninguém durante os assaltos..A ex-estrela de basquetebol foi condenada na Grécia, onde mais vezes participou em roubos, por crime organizado, roubos graves e assaltos à mão armada.."Em 80% dos assaltos, um carro arrombava a joalheira pela janela, quando ninguém lá estava", conta..Grupo atuava em 35 países. Terá roubado artigos no valor de mais de 500 milhões.O grupo era formado por uma rede de criminosos de vários países dos Balcãs. São considerados os autores de roubos em 35 países, durante as duas últimas décadas roubaram joias e artigos de luxo no valor de 500 milhões de dólares. Os artigos eram revendidos no mercado negro..No entanto, Circovic refuta a ideia de que uma rede criminosa. Alega que eram assaltantes a usar o mesmo método de assalto e que às vezes cooperavam uns com os outros."Eu tinha um grupo com o meu pessoal, não havia nenhum comandante", explicou, durante uma entrevista na feira do livro..A justiça grega atribuiu vários roubos de joias em Atenas e nas ilhas de Rodes e Santorini, no valor de vários milhões de euros, ao grupo Panteras Cor-de-Rosa.."Nenhum dono das joalharias sofreu algum tipo de dano, e podia sempre recuperar aquilo que tinha sido roubado - bastava declarar três ou quatro vezes o valor real do furto e num mês tinha o dinheiro recuperado", argumenta Cirkovic.."Os únicos prejudicados são as agências de seguros ou os bancos, que considero ladrões legais", acrescenta a escritora..Esteve presa sete anos na Grécia, mas em 2012 acabou por fugir com a ajuda de um membro do grupo. Recapturada, cumpriu o resto da pena. Garante que nunca caiu em depressão: vivia com saudades do filho, hoje um homem adulto e também basquetebolista, e ocupava o tempo a escrever, a ler, a fazer exercícios e a pintar..Diz que todas as suas histórias - e são muitas - poderiam ser usadas como argumentos para cinema. "Tenho material não para um, mas para uma série de filmes - mas terá de ser Hollywood", garante.