De Espanha ao Irão, os políticos também não escapam ao covid-19

A pandemia alastra no mundo e já fez milhares de mortos. Os políticos não conseguem escapar à doença e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, é apenas o último a vir dizer que está infetados com covid-19. No Irão, o novo coronavírus até já matou alguns dirigentes políticos.
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O covid-19 já infetou mais de meio milhão de pessoas e provocou mais de 26 mil mortos em todo o mundo. E o novo coronavírus não poupa ninguém. Muito menos os políticos, tendo mesmo matado alguns dirigentes iranianos. O último a anunciar estar infetado foi o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que ao início foi dos mais relutantes a tomar medidas para conter a pandemia, tendo entretanto mudado de estratégia e apelado ao confinamento. Em Portugal os dirigentes políticos estão a escapar para já, embora o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e a ex-líder do CDS Assunção Cristas tenham estado de quarentena.

Num momento em que a Grã-Bretanha tenta enfrentar uma avalanche de casos de contaminação pelo novo coronavírus, o líder do governo britânico anunciou esta sexta-feira no Twitter que fez o teste e deu positivo. Boris Johnson disse ter sintomas ligeiros e mesmo de quarentena em casa prometeu continuar a gerir a crise pandémca no seu país através de videoconferência. Também o ministro da Saúde britânico, Matt Hancock, está infetado, soube-se esta sexta-feira.

Este anúncio de Boris Johnson foi feito um dia depois de o príncipe Carlos, primeiro na linha de sucessão ao trono britânico, ter assumido que também estava infetado com a doença que está a ser um verdadeiro "tsunami" na Grã-Bretanha. Numa primeira fase, o governo de Londres decidiu contrariar as indicações que a Organização Mundial de Saúde para adotarem medidas de confinamento, tendo entretanto redefinido a estratégia e impostos medidas de confinamento. Aos 71 anos, o herdeiro da coroa britânica também apresenta sintomas ligeiros da doença, anunciou Clarence House.

Já antes tinha sido confirmada como infetada a secretária de Estado da Saúde, Nadine Dorries. E depois de Boris Johnson e Hancock surgiu a notícia de que Chris Whitty, o Chief Medical Officer britânico, também apresenta sintomas e está em quarentena.

Em Espanha

Aqui mesmo ao lado, em Espanha, onde a pandemia progride a grande ritmo - nas últimas horas há mais 769 mortes e são perto de 65 mil os infetados - são vários os políticos infetados com covid-19. O primeiro a ser confirmado foi o caso da ministra da Igualdade, Irene Montero, companheira de Pablo Iglesias, vice-presidente do governo espanhol, que também foi obrigado a entrar em quarentena.

Este caso levou a que fossem testados todos os membros do governo de Pedro Sánchez, mas só a ministra da Política Territorial e Função Pública, Carolina Darias, se confirmou como infetada. Tendo estado na presença de Montero nos dias antes de a ministra testar positivo, os próprios reis Felipe VI e Letizia fizeram testes, tendo dado negativo.

Fora do governo, três políticos do Vox também estão infetados com o novo coronavírus: o líder do partido de extema-direita, Santiago Abascal; o secretário-geral, Javier Ortega Smith, e o deputado Carlos Zambrano. A infeção foi também confirmada na deputada do PP e ex-presidente do Congresso de Deputados, Ana Pastor, e na presidente da Comunidade de Madrid, Isabel Díaz Ayuso.

Ainda ao nível dos governos autonómicos, estão infetados o presidente do governo regional da Catalunha, Quim Torra, e o seu braço direito Pere Aragonès.

Em França

Outro dos países a ser fortemente penalizado pela pandemia - com mais de 1.600 mortos, incluindo uma jovem de 16 anos, e mais de 29 mil infetados - é França, onde se o ministro da Cultura, Franck Riester, anunciou também no Twitter estar infetado. "Fico a trabalhar a partir da minha casa, em articulação com o meu gabinete e com as equipas do Ministério da Cultura", escreveu.

Há também vários deputados franceses infetados, incluindo o parlamentar dos Republicanos Jean-Luc Reitzer, que está internado numa unidade de cuidados intensivos. Mas também a socialista Sylvie Tolmont e os membros do La République en Marche (o partido do presidente Emmanuel Macron) Guillaume Vuilletet e Elisabeth Toutut-Picard.

O chefe dos negociadores da União Europeia para o Brexit, Michel Barnier, anunciou também através do Twitter que estava infetado com o novo coronavírus. Barnier, que já foi também comissário europeu e ministro francês dos Negócios Estrangeiros, mostrou-se confiante no vídeo publicado e parece não apresentar sintomas.

Ali ao lado, no Mónaco, o príncipe Alberto II também testou positivo para covid-19.

Em Itália

Em Itália que é o país com mais casos de morte em todos o mundo devido à pandemia - nas últimas 24 horas morreram quase mil pessoas e há mais 5900 infetados - o líder do Partido Democrático e presidente da região de Lazio, Nicola Zingaretti, acusou positivo no teste de covid-19. Há igualmente pelo menos quatro presidentes de câmara infetados: Marcello Cardona, de Lodi; Elisabetta Margiacchi, de Bergamo; Attilio Visconti, de Brescia; Rinaldo Argentieri, de Matera.

O ministro da Indústria, Stefano Patuanelli, também se colocou em isolamento depois de um dos seus assessores ter confirmado infeção pelo covid-19. Attilio Fontana, governador da região da Lombardia - uma das áreas mais afetada no país - optou pela mesma decisão.

No Brasil

No Brasil, onde o número de infetados também tem disparado, o presidente Jair Bolsonaro chegou a suspeitar ter contraído a doença, depois um primeiro teste ter dado positivo e só a contraprova ter dado negativo. O teste a Bolsonaro foi feito depois de ter sido detetada a doença no seu secretário da Comunicação Social, Fábio Wajngarten. Também os ministros Minas e Energia do Brasil, almirante Bento Albuquerque, e o general Augusto Heleno, do gabinete de segurança institucional, estão infetados.

Nos Estados Unidos

Até ao momento o senador Rand Paul parece ser o único político de primeira linha infetado nos Estados Unidos. Istoapesar de os também senadores Ted Cruz e Rick Scott, e de quatro congressistas, Matt Gaez, Doug Collins, Paul Gosar e Mark Meadows, terem entrado voluntariamente de quarentena depois de terem contactado com uma pessoa infetada.

No Irão

No Irão, a pandemia do covid-19 tem sido duríssima para a população e também para os políticos, tendo mesmo morrido dois deputados Fatemeh Rahbar e Mohammad Ali Ramazani, e o conselheiro do Líder Supremo do Irão, o ayatollah Ali Khamenei. Mas há uma lista vasta de políticos infetados, como o deputado Mojtaba Zolnour, e Mohamad Reza Ghadir, responsável pela gestão da crise de coronavírus; e também Esmail Najjar, que coordena o combate ao coronavírus a nível nacional

Em África

A classe política africana está a ser particularmente afetada pela pandemia de covid-19, havendo registo de um chefe de Estado e um primeiro-ministro em quarentena, numerosos ministros infetados e uma vice-presidente do parlamento morta. O chefe de Estado do Botswuana, Mokgweetsi Masisi, está em quarentena depois de ter regressado de uma viagem à Namíbia, tal como o primeiro-ministro da Costa do Marfim, Amadou Gon Coulibaly.

Coulibaly, que é também o candidato do partido no poder às presidênciais de outubro, entrou em confinamento depois de ter estado em contacto com uma pessoa que deu positivo no teste à infeção pelo novo coronavírus.

De acordo com fontes governamentais, citadas pela agência France-Presse, há também uma dezena de "altas personalidades" da Costa do Marfim em quarentena ou isolamento. No Burkina Faso, a segunda vice-presidente da Assembleia Nacional, Rose-Marie Compaoré, morreu da doença e pelo menos sete ministros confirmaram estar infetados.

Na República Democrática do Congo, as autoridades não confirmam que figuras públicas estejam entre os casos de coronavírus, mas vários meios de comunicação social noticiaram que a ministra da Economia, Acacia Bandubola, foi infetada, enquanto o seu irmão e vice-chefe de gabinete, Dédié Bandubola, foi uma das primeiras mortes registadas.

Na Tanzânia, é a oposição que está a ser afetada, com a quarentena voluntária da família do líder da oposição, Freeman Mbowe, cujo filho contraiu a doença.

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