De beldade que não queria entrar na campanha até primeira-dama
Quando Donald Trump apresentou a candidatura à Casa Branca, em julho do ano passado, a mulher quis passar despercebida e manteve-se em segundo plano. Mas, com a vitória do candidato republicano nas eleições de ontem, Melania Trump terá de assumir um papel mais ativo enquanto primeira-dama dos Estados Unidos.
Na terra onde nasceu, a pequena cidade eslovena de Sevnica, ninguém duvida de que a beldade terá sucesso quando suceder a Michelle Obama. "Melania será uma excelente primeira-dama, que vai levar os valores eslovenos de generosidade, lealdade e confiança para os Estados Unidos", defendeu Vladimira Tomsic, responsável pelo centro médico da cidade, citada pela Reuters.
Na cidade, onde vivem cerca de cinco mil pessoas, Melania é descrita como uma pessoa "criativa e inovadora". "Sevnica era muito pequena para ela", afirma Mirjana Jelancic, amiga de infância da futura primeira-dama.
Agora diretora da escola primária onde Melania estudou, Jelancic admite à Reuters ter ficado surpreendida ao ver a amiga envolvida na política norte-americana. "Ela era tímida e quando soube que Donald ia concorrer disse [para mim mesma] que seria difícil para ela. Ela nunca quis estar no centro das atenções", garante. "Ela foi excelente no seu trabalho [na campanha]", acrescenta.
Primeiro com uma postura discreta, praticamente invisível. Depois, com o aproximar da data das eleições, com mais protagonismo. Participou na convenção republicana em que Donald Trump foi formalmente nomeado candidato presidencial do partido e, mais recentemente, juntou-se à campanha com um discurso centrado nos valores tradicionais.
Em ambas as situações, Melania Trump deu nas vistas. Primeiro, porque plagiou um discurso que Michelle Obama, a atual primeira-dama, fizera quando o marido foi nomeado candidato democrata na convenção do partido, há oito anos. Depois, porque elegeu o combate ao cyberbullying como uma das suas bandeiras, o que pareceu irónico tendo em conta o tipo de comentários ofensivos que o marido fazia através do Twitter.
Pelo meio, Melania ainda deu uma ou outra entrevista a solo, em que desvalorizou os comentários mais vulgares do marido sobre as mulheres, embora os tenha censurado, e criticou o facto de a comunicação social ter sido tão dura durante a campanha.
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Nos últimos meses, surgiram fotografias antigas dos tempos em que modelo, algumas delas em que aparecia nua e discutiu-se a possibilidade de poder ter entrado e trabalhado de forma ilegal nos Estados Unidos.
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Até da imprensa eslovena Melania teve razões de queixa, tendo decidido processar um jornalista que escreveu que trabalhou como acompanhante nos anos 1990.
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Melania Knavs nasceu a 26 de abril de 1970 e viveu a infância num bloco de apartamentos de Sevnica, numa Eslovénia que fazia ainda parte da Jugoslávia e era liderada pelo general Tito. Já adolescente, segundo conta a Reuters, a família mudou-se para uma casa modesta de dois pisos acima do rio Sava, nos arredores da cidade.
O pai, segundo apurou a Reuters junto de habitantes de Sevnica, vendia peças de automóveis, e a mãe trabalhava numa fábrica de roupa para crianças que era muito popular antes do fim da Jugoslávia.
Alegadamente licenciada em Design e Arquitetura pela Universidade de Liubliana - surgiram dúvidas sobre a sua formação durante a campanha e até o seu site oficial deixou de funcionar por causa disso -, Melania tornou-se modelo, o que acabou por levá-la até Milão e daí para os Estados Unidos. Terá obtido o "cartão verde" (visto de residência permanente) em março de 2001. Cinco anos mais tarde, e um depois de casar com Trump, tornou-se cidadã dos Estados Unidos.
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A eslovena - que assim será a primeira primeira-dama nascida no estrangeiro em quase dois séculos, desde Louisa Adams, a mulher de John Quincy Adams, que nasceu em Inglaterra ainda antes da independência dos EUA -conheceu Donald Trump em 1998 e casou-se com ele em janeiro de 2005. É a terceira mulher do milionário - foi casado com a checa Ivana Trump e com a atriz Marla Maples - e têm um filho em comum, Baron, de 10 anos.
Um antigo assessor do presidente eleito chegou a dizer que Melania Trump poderia vir a ser "a primeira-dama mais glamorosa desde Jackie Kennedy", mas herdar o cargo de Michelle Obama também não será tarefa fácil.