Número de mortos na China sobe para 131, mais de 5300 infetados
Um turista chinês idoso está em "estado grave" num hospital de Paris, informaram esta terça-feira as autoridades de saúde francesas, naquele que é o quarto caso confirmado em França do novo coronavírus que matou já 131 pessoas desde que surgiu na cidade chinesa de Wuhan.
O homem, que visitava França proveniente da província chinesa de Hubei, está em estado considerado grave e a ser submetido a uma terapia intensiva pela equipa médica, disse o diretor de saúde Jerome Salomon, citdado pela AFP.
Ora, esta terça-feira, a China elevou para 131 o número de mortos causados pelo coronavírus que surgiu em Wuhan, tendo sido detetados quase 1300 novos casos, o que aumenta o balanço para mais de 5300 infetados. E também esta terça-feira foi reportado, na Alemanha, o primeiro caso de transmissão do vírus entre humanos na Europa - um alemão, de 33 anos, que não esteve na China, mas participou numa reunião de trabalho em Starnberg, na Baviera, na qual estava uma cidadã chinesa. Mais tarde, as autoridades alemãs confirmaram que havia mais três casos, todos em pessoas que trabalham na mesma empresa de Starnberg.
Entretanto, o Mecanismo Europeu de Proteção Civil foi ativado após um pedido de França e a União Europeia vai enviar dois aviões para repatriamento de cidadãos europeus da cidade de Wuhan. OS EUA e o Japão já retiraram centenas de nacionais da China.
"Os números iniciais indicam que cerca de 250 cidadãos franceses serão transportados na primeira aeronave e mais de 100 cidadãos da UE de outros países se juntarão à segunda aeronave", precisa Bruxelas, notando que "este é um primeiro pedido de assistência e outros poderão surgir nos próximos dias".
As autoridades de saúde da província central de Hubei, onde a epidemia começou, disseram esta terça-feira que o vírus matou mais 25 pessoas e infetou 1291, aumentando o número de pacientes confirmados para mais de 5300 na China. O anterior balanço apontava para 80 mortos e mais de 2700 infetados.
As autoridades anunciaram 25 novas mortes desde domingo na região de Hubei, mas não registaram óbitos provocados pelo vírus fora daquela província.
Além do território continental da China, também foram reportados casos de infeção em Macau, Hong Kong, Taiwan, Tailândia, Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos, Singapura, Vietname, Nepal, Malásia, França, Alemanha, Austrália e Canadá.
As autoridades chinesas admitiram que a capacidade de propagação do vírus se reforçou.
As pessoas infetadas podem transmitir a doença durante o período de incubação, que demora entre um dia e duas semanas, sem que o vírus seja detetado.
O Governo decidiu prolongar o período de férias do Ano Novo Lunar, que deveria terminar na quinta-feira, para tentar limitar a movimentação da população.
A região de Wuhan encontra-se em regime de quarentena, situação que afeta 56 milhões de pessoas.
Alguns países, como Estados Unidos, Japão, Sri Lanka, Austrália e França estão a preparar com as autoridades chinesas a retirada dos seus cidadãos de Wuhan, onde também se encontram duas dezenas de portugueses.
"À partida, tanto quanto sabemos, eles [os cidadãos portugueses a viver em Wuhan, na China] não estão com sintomas, nem com sinais de doença. Estão saudáveis e estão bem. Virão [para Portugal] como qualquer outro passageiro assintomático", afirmou à Lusa a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas.
Num comunicado dirigido aos cerca de 20 cidadãos nacionais que residem na cidade, a embaixada portuguesa esclareceu na segunda-feira que iniciou "de imediato todos os passos" para proceder à retirada, recorrendo a um avião civil fretado, que leve estes portugueses "diretamente para Portugal".
Graça Freitas explicou que, "como eles vêm do epicentro da doença", à chegada a Portugal será feita uma "pequena história clínica, para perceber se estiveram em contacto com doentes" infetados com o novo coronavírus ou se estiveram em contacto com animais, mas não serão colocados obrigatoriamente de quarentena. .
"A primeira coisa que temos de perceber quando chegarem é o risco que têm de poder ter contraído uma infeção. Se o risco for muito pequeno não se tomam medidas", sublinhou Graça Freitas à agência Lusa.
"[Se estes cidadãos não apresentarem sintomas] ficamos a saber para onde vão, ficamos com o contacto deles, damos o contacto das autoridades de saúde da área de residência para, se nos próximos dias desenvolverem sintomatologia, poderem contactar essa autoridade de saúde", prosseguiu a responsável da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Os primeiros franceses a serem retirados de Wuhan, cidade chinesa que é o epicentro do surto de coronavírus (2019-nCoV), chegarão à França entre sexta-feira e sábado, anunciou esta terça-feira a ministra da Saúde de França, Agnès Buzyn. Recorde-se que foram detetados três casos de coronavírus em França, dois em Paris e um em Bordéus.
De acordo com a governante, um avião chegará "na quinta-feira à tarde a Wuhan" para a retirada de cidadãos franceses.
A aeronave "deverá retornar à França provavelmente na sexta-feira. Não sei se é sexta-feira no final da tarde, sexta-feira à noite ou no sábado de manhã", disse Agnès Buzyn à imprensa.
O secretário de Estado dos Transportes, Jean-Baptiste Djebbari, havia mencionado anteriormente ao canal de televisão francês CNews uma primeira retirada na quinta-feira, antes dos esclarecimentos feitos pela ministra.
Segundo o secretário de Estado, o primeiro voo deve trazer "pessoas que (...) não apresentam sintomas" e, num "segundo voo, com data a ser determinada", repatriará "as pessoas possivelmente portadoras do vírus".
Segundo a ministra da Saúde, esta retirada de cidadãos poderá atingir "entre 500 e 1000 franceses".
"Nem todos querem voltar" para a França, acrescentou Agnès Buzyn.
Os cidadãos que não apresentarem sintomas serão mantidos num local em confinamento por 14 dias, a duração máxima estimada da incubação da doença, para garantir que não foram infetados pelo vírus.
"Nós identificamos um local de receção na região de Paris", disse Buzyn, acrescentando que "não deve estar muito longe dos hospitais".
Quanto aos cidadãos com sintomas, "serão medicados quando chegarem a Paris", disse Djebbari.
Já esta terça-feira, Organização Mundial da Saúde (OMS) disse não recomendar a evacuação de estrangeiros em Wuhan, o epicentro da epidemia de coronavírus. As declarações são do seu diretor-geral em visita a Pequim, num comunicado da diplomacia chinesa.
"Observamos que alguns países planeiam organizar evacuações. A OMS não recomenda esse método", disse Tedros Adhanom Gebreyesus, segundo nota do ministério das Relações Exteriores da China.
Consultada pela AFP em Genebra, a OMS indicou que devemos "esperar por um esclarecimento" dessas declarações, que também foram divulgadas pela imprensa estatal chinesa.
O chefe da OMS reuniu-se nesta terça-feira com o presidente chinês Xi Jinping, depois de encontrar os ministros das Relações Exteriores e da Saúde.
"Temos todos os meios, confiança e recursos para vencer rapidamente a batalha contra a epidemia", disse o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, segundo comunicado.
Perante a propagação deste novo tipo de coronavírus, a China enviou quase 6000 médicos de todo o país para a província de Hubei para reforçarem a luta contra o novo surto de coronavírus, disse esta terça-feira uma autoridade de saúde.
Um total de 4.130 médicos, integrados em 30 equipas, já chegaram e começaram a trabalhar, disse Jiao Yahui, um responsável da Comissão Nacional de Saúde, durante uma conferência de imprensa realizada em Pequim, acrescentando que mais 1800 chegarão até o final do dia desta terça-feira.
As primeiras equipas foram enviadas da cidade de Xangai e da província de Guangdong na sexta-feira.
As autoridades de Pequim já tinham confirmado a primeira morte na capital chinesa de uma pessoa infetada pelo novo coronavírus (2019-nCoV), um homem de 50 anos que esteve na cidade de Wuhan, a 8 de janeiro.
Entretanto, a China anunciou esta terça-feira o adiamento por tempo indefinido do reinício das aulas em todas as escolas do país, devido ao surto do coronavírus.
Os estudantes estão atualmente sem aulas durante as celebrações do Ano Novo Lunar, cujo período de férias também já foi alargado pelas autoridades chinesas para reduzir as viagens e tentar conter o surto que já infetou mais de 4.000 pessoas só na China.
A data para o reinício das aulas será determinada pelas autoridades de acordo com a localização dos estabelecimentos, indicou o Ministério da Educação chinês em circular, sem fornecer mais detalhes.
Também esta terça-feira, as autoridades alemãs indicaram que o caso confirmado no país diz respeito a um cidadão de 33 anos, que esteve em contacto com uma colega de trabalho chinesa, que também foi infetada com o coronavírus. Trata-se do primeiro caso de transmissão de pessoa para pessoa.
A chefe do executivo de Hong Kong afirmou esta terça-feira que o território vai encerrar temporariamente algumas fronteiras com a China continental, visando conter a propagação do novo coronavírus (2019-nCoV). Carrie Lam afirmou ainda que as permissões de viagens para turistas chineses vão deixar de ser emitidas.
Já na segunda-feira a Mongólia, que compartilha uma longa fronteira com a China, decidiu encerrar os pontos de travessia rodoviária com este país.
E enquanto o número de casos de infetados não para de aumentar, a equipa chinesa que trabalha no desenvolvimento de uma vacina para combater o coronavírus de Wuhan afirmou hoje que espera começar os testes em menos de 40 dias, de acordo com informação avançada pela agência estatal Xinhua.
No projeto da vacina, anunciado há apenas dois dias, participam o Hospital Oriental de Xangai -- ligado à Universidade Tongji -- e a empresa de biotecnologia da cidade Stemirna Therapeutics.
Li Hangwen, conselheiro delegado da empresa, disse esta terça-feira que não serão necessários mais de 40 dias para fabricar as amostras da vacina, que serão então enviadas para realizar os testes nos centros médicos, mas não indicou uma data para a sua chegada ao mercado.
Atualizado às 18:20