Coreia do Norte lança míssil balístico após concordar com o retomar das negociações com os EUA

Dias antes do retomar das negociações com os EUA sobre a desnuclearização, a Coreia do Norte lançou um míssil balístico de uma plataforma subaquática. A Coreia do Sul já veio dizer que está em "prontidão" perante os movimentos de Pyongyang
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A Coreia do Norte lançou esta quarta-feira um míssil balístico, um dia depois de anunciar o retomar do diálogo com os EUA sobre a desnuclearização da Península Coreana. Pyongyang e Washington concordaram num contacto preliminar já esta sexta-feira e numa reunião de trabalho no dia a seguir, sábado, 5 de outubro.

Mas dias antes do regresso às negociações com os EUA, a Coreia do Norte lançou um míssil balístico a partir da sua costa leste. À CNN uma autoridade dos EUA refere que o lançamento foi feito a partir de uma plataforma subaquática.

Os EUA não consideram, no entanto, que tenha sido disparado de um submarino, embora o míssil testado tenha sido projetado para ser lançado a partir de submarino, afirmou a mesma fonte ao canal de televisão norte-americano.

De acordo com as Forças Armadas da Coreia do Sul, o míssil foi lançado na manhã desta quarta-feira em direção ao Mar do Leste, também designado por Mar do Japão. Percorreu uma distância de 450 quilómetros e atingiu uma altitude de 910 quilómetros.

Já o porta-voz do governo do Japão levanta a possibilidade de o míssil se ter dividido em dois, tendo depois caído no mar, refere a Reuters.

Esta não foi a primeira vez que Pyongyang faz um lançamento a partir de uma plataforma subaquática, mas é a primeira vez que o faz desde que a Coreia do Norte iniciou conversações com o presidente dos EUA, Donald Trump.

"Atualmente, as nossas forças mantêm uma postura de prontidão", afirmou o chefe do Estado-Maior da Coreia do Sul, citado pela CNN. Seul fez saber que está a analisar o acontecimento, sendo que considera que há uma forte possibilidade de se tratar de um teste para um lançamento de um míssil balístico a partir de um submarino (SLBM, na sigla em inglês).

A Coreia do Sul refere ainda que está a trabalhar em estreita colaboração com os EUA para investigar a natureza deste lançamento.

O Japão pela voz do seu primeiro-ministro, Shinzo Abe, condenou o lançamento do míssil ao afirmar que se trata de uma violação das resoluções do Conselho de Segurança da ONU.

De acordo com a CNN, que se baseia em imagens de satélite obtidas em setembro, a Coreia do Norte pode estar prestes a ter um submarino capaz de disparar mísseis. Em julho, a agencia estatal norte-coreana, KCNA, divulgou imagens do líder do país, Kim Jong-un, a inspecionar um submarino em construção.

Este lançamento de um míssil balístico a partir de uma plataforma subaquática está a gerar preocupação dias antes do regresso das negociações entre a Coreia do Norte e os EUA, agendado para esta sexta-feira e sábado. Recorde-se que o país liderado por Kim Jong-un já realizou seis ensaios nucleares.

União Europeia fala em "ação provocante"

O lançamento de um míssil balístico no mar pela Coreia do Norte é "mais uma ação provocante" de Pyongyang para minar o processo de paz na península coreana, disse esta quarta-feira a União Europeia (UE), em comunicado.

"Hoje, o disparo de um míssil balístico no mar é mais uma ação provocante da República Popular Democrática da Coreia (RPDC)", considera a UE.

O lançamento do míssil "mina os esforços da comunidade internacional para construir a confiança, aumentar a segurança e reforçar um processo de paz sustentado na península coreana".

Trump poderá voltar a reunir-se com o líder norte-coreano

As conversações entre Kim Jong-un e Donald Trump estão suspensas desde a realização da cimeira entre os dois líderes, em fevereiro, no Vietname, que terminou sem acordo.

O presidente dos EUA e o líder norte-coreano reuniram-se novamente na fronteira entre as duas Coreias em junho, numa reunião informal em que concordaram destravar o diálogo e reiniciar os encontros de trabalho, o que poderá então acontecer no final desta semana.

Num comunicado publicado logo após o anúncio da Coreia do Norte sobre o retomar das negociações, o governo sul-coreano saudou a reunião iminente e disse esperar "que negociações práticas sejam tomadas em breve no processo de desnuclearização completa e na construção de uma paz duradoura na península de Coreia".

Pyongyang mostrou recentemente a sua intenção de retomar o diálogo com Washington, após um período de tensão marcado por lançamentos de projéteis em protesto contra manobras militares conjuntas pelos exércitos dos Estados Unidos e da Coreia do Sul, que os norte-coreanos consideraram uma simulação de invasão.

Na semana passada, o presidente norte-americano, Donald Trump, até levantou a possibilidade de uma nova reunião com o líder norte-coreano, Kim Jong-un para este ano.

A relação entre os dois líderes nem sempre foi pautada por palavras de reconciliação, bem pelo contrário. Em abril de 2017, Donald Trump referia-se a Kim Jong-un como um "louco com armas nucleares".

Meses depois, a Coreia do Norte lançava dois mísseis intercontinentais e Kim avisava: "todo o território americano está a nosso alcance". Foi depois em agosto que Trump prometeu "fogo e fúria" contra Pyongyang. Mas o escalar da tensão entre os dois países não impediu que a Coreia do Norte realizasse, a 3 de setembro, o seu sexto teste nuclear. Anunciou ter testado, com sucesso, uma bomba de hidrogénio, conhecida como "bomba H", desenvolvida para ser instalada num míssil balístico intercontinental.

Com agências.

Atualizada às 12:52 com a reação da União Europeia.

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