Comunidade polaca no Reino Unido chocada com ódio pós-Brexit
Graffiti, cartões insultuosos no correio, ataques verbais e incentivos a que façam as malas e comecem a pensar na deportação. Nos últimos dias, a comunidade polaca no Reino Unido tem sido severamente atacada, um crescimento nos crimes de ódio que se verificou após serem conhecidos os resultados do referendo que decidiu o brexit.
A polícia está já a investigar vários casos, nomeadamente graffiti xenófobos na associação que serve de sede à comunidade polaca, e os cartões com a frase "Deixem a União Europeia, não queremos mais insetos polacos" que foram distribuídos pelas caixas do correio das famílias polacas e entregues nas imediações de escolas em Huntingdon, Cambridgeshire. Mas os ataques sucedem-se e estão a inquietar os cerca de 850 mil polacos que residem no Reino Unido.
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Nas redes sociais, os próprios britânicos, e não apenas os polacos, começaram a colocar relatos - alguns anedóticos - de episódios de xenofobia que aconteceram desde o referendo. David Paxton, um utilizador do Twitter, partilhou a mensagem deixada por um cliente ao fazer uma reserva online para jantar no restaurante de um amigo, e que pedia "um empregado de mesa britânico. Não me mandem europeus à mesa".
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Os meios de comunicação polacos sedeados no Reino Unido, e dirigidos à comunidade que ali está emigrada, têm visto com preocupação este exacerbar da animosidade. O portal Moja Wyspa, que inicialmente optou por desvalorizar as manifestações de xenofobia, começou já a reportar casos alarmantes de agressões às minorias, indica a BBC, com especial atenção aos casos que envolvem polacos.
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O presidente da Federação dos Polacos na Grã-Bretanha, Tadeusz Stenzel, já veio dizer que o centro da comunidade polaca que foi vandalizado com graffiti, em Hammersmith, nunca tinha sofrido um ataque a esta escala desde que abriu, em 1974.
Os emigrantes da Polónia não são caso único: cidadãos estrangeiros de várias nacionalidades, incluindo portugueses, foram vítimas de ataques xenófobos no Reino Unido após o referendo que determinou a saída da União Europeia, tendo as autoridades registado mais 57% de queixas de crimes de ódio desde sexta-feira.