China deteta pela primeira vez vírus em alimentos congelados produzidos no país

A China relatou nos últimos meses vários casos em que detetou vestígios de SARS-CoV-2 em embalagens de alimentos congelados oriundos de outros países, entre os quais o Brasil
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As autoridades de uma cidade do leste da China anunciaram esta quarta-feira que encontraram, pela primeira vez, vestígios do novo coronavírus numa embalagem de carne de frango congelada de produção doméstica, noticiou a imprensa oficial.

A China relatou nos últimos meses vários casos em que detetou vestígios de SARS-CoV-2 em embalagens de alimentos congelados oriundos de outros países, entre os quais o Brasil foi particularmente visado.

O Centro de Prevenção de Doenças de Lai'an, na cidade de Chuzhou, província de Anhui, indicou que os testes a um lote de coxas de frango congeladas de uma fábrica local da multinacional norte-americana Cargill foram positivos para o novo coronavírus.

A nota, divulgada pelas autoridades de Chuzhou, explicou que "medidas de emergência foram imediatamente adotadas", incluindo a realização de testes a mais de 2.700 funcionários. Nenhum obteve, até à data, resultado positivo.

Mais de 260 testes foram também realizados em veículos de transporte de alimentos congelados ou linhas de produção, mas também não acusaram o vírus.

Pequim aumentou a regulação para importação de produtos alimentares congelados, incluindo a realização de testes em embalagens de bens oriundos de países fortemente atingidos pela pandemia.

As autoridades chinesas argumentaram que os alimentos congelados importados, principalmente carnes e peixes, são a principal fonte de novos surtos no país, uma vez que as cadeias de transmissão locais foram praticamente eliminadas.

A imprensa oficial tem mesmo sugerido que o surto inicial da pandemia, registado no centro do país, poderá estar relacionado com a importação de bens congelados, sem apresentar, contudo, provas.

A 7 de dezembro, a comissão local de saúde diz ter detetado vestígios do vírus em embalagens de carne suína brasileira e bovina uruguaia congeladas, após ter realizado testes de ácido nucleico dois dias antes.

No caso da carne de porco oriunda do Brasil, a mesma fonte indicou que foram detetados vestígios do novo coronavírus em contentores de um lote de carne suína da empresa Sea Alimentos, que entrou na cidade de Xangai, no dia 28 de junho, e foi posteriormente transportado para Wuhan, em 27 de julho.

Quanto à vitela uruguaia, a exportadora é a Breeders and Packers Uruguay, cujo lote afetado chegou primeiro à Malásia e, desde 2 de março, estava armazenado na cidade portuária de Tianjin, no norte da China.

As autoridades locais indicaram que foram tomadas medidas para suspender a venda da carne afetada e que centenas de pessoas que tiveram contacto com as encomendas deram negativo, após terem sido testadas para o vírus.

Fontes da Embaixada do Uruguai na China citadas pela agência Efe disseram tratar-se de um pacote embalado em dezembro de 2019 que chegou ao país asiático meses antes de o país latino-americano registar os seus primeiros casos de covid-19.

O problema estaria então no "manuseio dos depósitos e não na origem".

"Está em jogo a imagem dos produtos uruguaios. É muito irresponsável tentar imputar responsabilidades ao Uruguai", assinalaram as mesmas fontes, acrescentando que "é muito provável que se trate de um caso de contaminação cruzada" que ocorreu no território chinês.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.621.397 mortos resultantes de mais de 72,7 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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