Charlottesville. Neonazi condenado por homicídio qualificado
James Fields, de 21 anos, lançou o seu carro contra a multidão que protestava contra a manifestação Unite the Right.
O júri de sete mulheres e cinco homens precisou de menos de um dia para condenar o neonazi James Fields, de 21 anos, por homicídio qualificado e outros nove crimes. Fields foi julgado pela morte de uma manifestante pacifista de 32 anos, Heather Heyer, que morreu atropelada depois de o supremacista ter lançado o seu carro contra a multidão, em agosto de 2017, em Charlottesville, na Virgínia. Outras 35 pessoas ficaram feridas.
Fields, neonazi confesso, pode ser punido com uma pena até 20 anos de prisão. De acordo com a acusação, Fields tinha várias contas em redes sociais em que expressava o seu apoio a ideologias de supremacia branca e às políticas de Adolf Hitler e do terceiro Reich, defendendo a violência contra negros e judeus.
Os advogados de defesa de Fields ainda tentaram, sem sucesso, deslocar o julgamento da pequena cidade de Charlottesville, onde, argumentaram, seria impossível encontrar jurados imparciais. A sua defesa baseava-se na ideia de "intenção", alegando que o jovem não lançou o carro contra a multidão por maldade, mas por temer a sua própria segurança. Diziam que ele se arrependeu de imediato.
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A condenação surge após seis dias em que os jurados ouviram o testemunho de sobreviventes e os pormenores sobre a morte de Heyer, com as testemunhas a contar como Fields nunca travou o carro.
Os crimes de que Fields era acusado ocorreram após as manifestações "Unite the Right", em Charlottesville, organizadas por supremacistas brancos para protestar contra o derrube da estátua do general Lee. Este foi o responsável militar do exército da Confederação contra o exército da União, do governo de Abraham Lincoln, durante a Guerra Civil norte-americana (1861-1865).
Durante o comício, viram-se neonazis e membros da organização racista Ku Klux Klan a desfilar à luz de tochas com capuzes pontiagudos, emblemáticos do grupo. Outros elementos acenavam bandeiras da Confederação, que muitos americanos associam a movimentos racistas.
No segundo dia das manifestações, a 12 de agosto de 2017, confrontos entre manifestantes neonazis e manifestantes antifascistas culminaram em ataques violentos, incluindo aquele de que Fields foi acusado.
O presidente norte-americano, Donald Trump, foi criticado por, após os incidentes de Charlottesville, ter sido relutante na crítica à manifestação que opôs pacifistas contra neonazi, tendo dito que havia "pessoas muito boas em ambos os lados".