Charlatão vendedor de desinfetantes terá influenciado a "recomendação" de Trump

Jornais revelam que a ideia de dar injeções de desinfetante para curar a covid-19 poderá ter chegado a Trump através de um conhecido charlatão, Mark Grenon.

As teorias sobre o uso de desinfetantes à base de dióxido de cloro como tratamento para a Covid-19 poderão ter chegado ao presidente norte-americano através de Mark Grenon,

Mark Grenon apresenta-se a si próprio como "arcebispo" da seita autodenominada como "Genesis II", com sede na Florida. Mas essa organização, na verdade, dedica-se a produzir o dióxido de cloro usado sobretudo como desinfetante na indústria têxtil e a que, agora, Grenon começou chamar MMS (miracle mineral solution) - alegadamente uma panaceia milagrosa para curar 99 por cento das doenças, incluindo o cancro, a malária ou a SIDA.​​​​​ Ou seja, Grenon é aquilo a que habitualmente designamos como um charlatão.

Trump não assumiu que tenha sido a carta de Grenon a despertar o seu entusiasmo pelo dióxido de cloro, mas o diário britânico The Guardian revelou que tem havido nos últimos dias uma intensa atividade dos lobistas do dióxido de cloro, em campanha de contactos com a Casa Branca para promover as vantagens do produto.

Mark Grenon admitiu, no seu programa de rádio semanal, ter enviado uma carta a Donald Trump e revelou ainda que mais 30 pessoas também escreveram ao presidente dos EUA. Pedem para que ele proteja o Genesis II e enviaram-lhe MMS para que Donald Trump pudesse conhecer melhor a suposta cura.

O presidente Donald Trump explicou na sexta-feira que estava a ser "sarcástico" quando insinuou que seria possível injetar desinfetante no corpo para matar o coronavírus. Numa das suas mais curtas conferências de imprensa - apenas 20 minutos, contrastando com as quase duas horas que têm sido habituais durante a crise da covid-19, Trump limitou-se a ler um comunicado e a explicar que a sua referência aos desinfetante tinha sido feita de forma sarcástica, insinuando que tinham sido os media a distorcer as suas palavras.

No briefing do dia anterior, quinta-feira, Trump tinha usado um "estudo inovador" que mostraria que a luz solar e o calor podem reduzir a disseminação do coronavírus. A certa altura, perguntou a Bill Bryan, que lidera o departamento de ciência e tecnologia do Departamento de Segurança Interna, se os raios UV poderiam ser usada para ajudar as pessoas com o vírus, se a luz solar poderia ser trazida "para dentro do corpo" ou se os materiais desinfetantes poderiam ser injetados ou usados ​​para limpar corpos da mesma maneira que desinfetam superfícies.

A comunidade científica e média reagiu imediatamente às recomendações proferidas por Trump na quinta-feira. No entanto, apesar dos vários avisos, vários órgãos de comunicação social norte-americanos relatam um aumento de chamadas para os números de emergência relacionadas com o uso de desinfetantes na prevenção da covid-19.

O Centro de Controlo de Envenenamentos de Nova Iorque recebeu cerca de trinta telefonemas, na sexta-feira, relacionados com exposição a produtos de limpeza e desinfetantes.

Segundo informações à agência Efe, o departamento contabilizou nove casos de exposição a lixívia, dez relacionados com desinfetantes e onze com outros produtos de limpeza doméstica., entre sexta-feira e sábado.

Após as declarações de Donald Trump, foram vários os fabricantes de produtos desinfetantes a emitir comunicados ou mensagens nas redes sociais a lembrar os malefícios para a saúde da ingestão de lixívia ou de outro tipo de desinfetante.

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