Centenas de manifestantes em protesto contra presidente do Brasil

Michel Temer precisava do apoio de um terço dos deputados para evitar o processo judicial e superou os 172 votos
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Centenas protestaram em São Paulo contra o Presidente do Brasil, Michel Temer, que conseguiu os votos de que necessitava na câmara baixa para impedir o processo em que é acusado de obstrução da Justiça e organização criminosa.

Os manifestantes concentraram-se esta noite em frente à sede da presidência, na capital paulista, num dia chave para o Presidente Michel Temer para evitar o processo que poderia afastá-lo do cargo por pelo menos 180 dias. Entretanto, já foi anunciado que o chefe de Estado já obteve os 172 votos de que necessitava para evitar o processo judicial.

O chefe de Estado brasileiro precisava do apoio mínimo de um terço dos 513 dos deputados que compõem a câmara baixa, número que já atingiu, ao superar os 172 votos.

A votação começou por volta das 19:05 (22:05 em Lisboa) e ainda não há uma previsão exata de quando terminará, porque todos os parlamentares têm o direito de fazer um breve discurso para justificar a sua escolha.

Contudo, Temer já atingiu os 172 votos de que necessitava para impedir esta segunda denúncia.

O protesto em São Paulo reuniu membros do Movimento dos Trabalhadores dos Sem-Teto (MTST), que reclamaram pela falta de casas e pediram a saída do presidente, com palavras de ordem como "Fora Temer".

Os manifestantes colocaram televisões na rua para puderem assistir à votação.

O coordenador do MTST, Guilherme Boulos, criticou a estratégia de Michel Temer para se "salvar", acusando-o de "comprar votos políticos".

"Fez a mesma operação que há meses atrás com a primeira queixa, uma compra escandalosa de votos parlamentares, uma mudança de apoio para emendas e isso é o que está a acontecer hoje, um quiosque de negócios", disse Guilherme Boulos, em declarações à EFE.

O chefe de Estado brasileiro foi alvo de duas denúncias formuladas pelo antigo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot.

A segunda denúncia, oficializada em setembro, tem como base um esquema de corrupção denunciado por elementos da multinacional do setor de carnes JBS, cujos executivos afirmaram, em depoimentos à Justiça, que o Presidente recebia subornos em troca de intermediação de favores à empresa, junto de órgãos do Governo.

Na acusação de obstrução da Justiça por Michel Temer, a Procuradoria-Geral da República alega que o chefe de Estado autorizou o pagamento de subornos para silenciar o ex-deputado Eduardo Cunha, condenado a mais de 15 anos de prisão por envolvimento nos desvios da petrolífera estatal Petrobras.

Já na alegação de participação em organização criminosa, o Presidente e outros membros do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) são acusados de terem negociado subornos que causaram o desvio de pelo menos 587 milhões de reais (153 milhões de euros) por meio de contratos firmados com órgãos e empresas públicas.

A vitória já era prevista por analistas e também por parlamentares que apoiam o Presidente do Brasil.

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