Quase um milhão marchou nas ruas contra a independência da Catalunha
Milhares de pessoas manifestam-se hoje no centro de Barcelona, convocadas pela Societat Civil Catalana, em defesa da Espanha unificada. Na principal cidade da Catalunha, na praça Urquinaona, o lema da iniciativa era "Basta! Recuperemos a sensatez", e uma hora e meia antes do início previsto da marcha, já chegavam pessoas para participar no cortejo até à avenida em frente da estação de Francia, onde foi lido um manifesto.
Os organizadores garantem que marcaram presença 950 mil pessoas, mas a polícia municipal de Barcelona assegura que foram 350 mil os participantes.
Entre as muitas bandeiras espanholas, 'senyeres' (bandeira da Catalunha) e algumas europeias, a marcha começou lentamente pelas 12:00 locais (11:00 de Lisboa) gritando palavras de ordem como "Puigdemont para a prisão", "Eu sou espanhol" ou "Viva Espanha, viva a Catalunha e viva a Guardia Civil "e, ao passar pela sede da Polícia na Via Laietana, aplaudiu e gritou: "Vocês não estão sozinhos".
O manifesto final contou com palavras do Nobel da Literatura Vargas Llosa, peruano naturalizado espanhol, e do antigo presidente do Parlamento Europeu, o espanhol Josep Borrell. Vargas Llosa, num discurso com palavras duras, disse que "a paixão pode ser perigosa quando a move o fanatismo e o racismo. A pior de todas é a paixão nacionalista". O escritor mostrou-se favorável a uma Espanha unificada e sublinhou que esta manifestação é o melhor exemplo de existe um sector "muito amplo" de catalães que não querem o "golpe de Estado" do governo regional da Catalunha.
O escritor disse também que a democracia espanhola "está para ficar" e advertiu que "o nacionalismo encheu a história da Europa, do mundo e de Espanha de guerra, sangue e cadáveres". E concluiu: "vamos mostrar aos independentistas minoritários que a Espanha é um país moderno, que fez sua a liberdade e que não vai renunciar perante uma conjuntura independentista que quer convertê-la num país terceiro-mundista. Viva a liberdade, viva a Catalunha e viva Espanha".
As manifestações ocorrem dois dias antes da deslocação do presidente da Generalitat, Carles Puigdemont, ao parlamento com uma declaração de independência da Catalunha em cima da mesa, após a realização de um referendo considerado ilegal.
Esta manifestação foi também convocada pela Sociedade Civil Catalã, e contou com a presença de representantes europeus do Partido Popular, do Partido Socialista Operário Espanhol e do Partido Cidadãos.
Solidariedade em Paris
Em Paris, uma centena de pessoas manifestou-se também para defender a unidade de Espanha, com bandeiras nacionais e para transmitir que os espanhóis "não estão sozinhos" e a sua mensagem é escutada no estrangeiro.
O protesto, que decorreu junto à sede do Instituto Cervantes, contou com a presença do novo embaixador de Espanha na França, Fernando Carderera.
"A sociedade catalã é uma sociedade plural" e catalão não é sinónimo de independentista, disse o embaixador, defendendo que o que aconteceu na Catalunha é "um golpe de Estado em câmara lenta", sendo "absolutamente intolerável em qualquer Estado de direito, em qualquer país democrático".
O caminho para ultrapassar a situação é "falar e falar de política, uma vez que se pare o golpe de Estado", referiu o diplomata, apontando "a grande responsabilidade do governo da Catalunha" quando se trata de "crispar" e "criar divisão".
A manifestação tinha sido organizada a título individual, sem a colaboração de organizações políticas, por Miguel Angel Castano e Edurado Cuna, que residem em Paris.
"Apoiamos os espanhóis catalães, a Espanha, e queremos paz e que Espanha continue unida como sempre esteve", salientou Miguel Angel Castano, um empresário filho de imigrantes espanhóis e nascido em França há 49 anos, que convocou a manifestação através da rede social Facebook.
Na mensagem que escreveu no Facebook, refere que Espanha deve saber que os emigrantes estão "unidos à nação" e que, embora não vivam no país, gostam dele "mais que tudo".
Entre as frases transmitidas na manifestação estão "Viva a Espanha e viva a Catalunha", "Não estão sozinhos" ou "Espanha, unida, jamais será vencida".
[Notícia atualizada às 14:19]