Casos na equipa de Trump levantam questões sobre falta de cuidados na Casa Branca
O número de membros da equipa de Donald Trump que já testaram positivo para a covid-19 continua a aumentar. Depois da assessora Hope Hicks, que terá sido a fonte do contágio do presidente dos EUA e da primeira-dama, foi a vez da ex-conselheira Kellyanne Conway anunciar que tinha sido infetada com o novo coronavírus, assim como o diretor de campanha de Trump, Bill Stepien.
O presidente foi hospitalizado na noite de sexta-feira por precaução (terá febre baixa, congestão e tosse), tendo já sido sujeito a vários tratamentos experimentais para lidar com a doença. Para além de Melania, os testes aos restantes membros da sua família deram negativo.
Mas, em seu redor, vão surgindo confirmações de outros casos. Convidados de um evento na Casa Branca já revelaram ter também a doença, como é o caso dos senadores Mike Lee, do Utah, e Thom Tillis, da Carolina do Norte. O presidente da Universidade de Notre Dame, John Jenkins, é outro dos que está em quarentena com a covid-19.
Os três estiveram nas primeiras filas na apresentação da juíza Amy Coney Barrett como a nomeada de Trump para o lugar deixado vago no Supremo Tribunal pela morte de Ruth Bader Ginsburg. O evento ocorreu a 25 de setembro, sem qualquer distanciamento social entre os convidados (alguns usaram contudo máscara). Kellyanne Conway também estava presente.
E há já quem fale no facto de este evento poder ser um "super-disseminador", responsável por um grande número de contágios. A própria Barrett testou negativo. O site Politico fez o mapa de onde se sentaram os convidados que já testaram positivo (a vermelho na imagem).
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Quem também testou positivo para a covid-19 foi a presidente do Comité Nacional do Partido Republicano, Ronna McDaniel, que entrou em isolamento depois de ter estado em contacto com um familiar infetado.
Segundo o The New York Times, a estratégia da Casa Branca para tentar proteger-se da covid-19 nos últimos meses tinha uma falha: era baseada em testes rápidos que podem dar resultados errados.
Um dos testes, o Abbott"s ID Now, que é portátil e dá resultados em 15 minutos, foi autorizado pelas autoridades de saúde dos EUA para ser usado apenas por profissionais e "dentro dos primeiros sete dias de sintomas". O problema é que em pessoas que não apresentam sintomas o teste é menos preciso, falhando um em cada três casos, de acordo com o jornal.
Apesar dos alertas, a Casa Branca continuou a usar este teste, permitindo que quem apresentasse um resultado negativo pudesse entrar para reuniões sem máscara. O presidente da Universidade de Notre Dame foi um dos que esteve sem máscara na cerimónia, depois de lhe terem dito que o podia fazer quando o resultado do teste rápido foi negativo.
Não há certezas sobre como Trump, que devia ser o homem mais protegido dos EUA, apanhou a doença (fala-se em Hope Hicks porque o presidente anunciou que ela tinha dado positivo antes dele). Mas a verdade é que a Casa Branca ignorou as próprias regras da Administração (as máscaras eram raras na Ala Oeste) e isso acabou por gerar um falso sentimento de invencibilidade, escreveu a AP.
A pandemia de covid-19 já atingiu mais de 7,3 milhões de pessoas nos EUA e causou a morte a quase 210 mil pessoas no país.