Casado repete 'não' a Sánchez: "Apoiar este governo seria um suicídio para Espanha"

O líder do PP esteve reunido durante 40 minutos com o secretário-geral socialista, que depois reuniu com Inés Arrimadas, do Ciudadanos, durante mais de uma hora.

O líder do Partido Popular espanhol, Pablo Casado, reiterou depois de uma reunião de 40 minutos com o secretário-geral socialista, Pedro Sánchez, que não pode apoiar nem com uma abstenção o seu governo de coligação com o Podemos de Pablo Iglesias. "Apoiar este governo seria um suicídio para Espanha e letal para os espanhóis e isso não podemos permitir", defendeu.

"Ninguém entenderia se o PP facilitasse um governo com o Podemos", disse Casado numa conferência de imprensa após o encontro com Sánchez, dizendo que seria o mesmo que pedir ao socialista que facilitasse um governo em que o Vox tivesse uma vice-presidência.

"O PP não pode abster-se diante de um governo do PSOE, dos comunistas do Podemos e dos independentistas", acrescentou após o primeiro encontro entre ambos desde as eleições de 10 de novembro. "O PP não pode ser um partido que branqueie esse pacto com o Podemos", reiterou.

Sánchez assinou um acordo de governo que prevê que Iglesias assuma uma vice-presidência do governo, mas as contas ainda não são suficientes (só somam 155 deputados), precisando da abstenção de outros partidos para poder ser investido primeiro-ministro e depois governar (a maioria são os 176). As negociações estão a decorrer com os independentistas da Esquerda Republicana da Catalunha, mas Sánchez procurava não ficar dependente deles, pedindo a abstenção do PP e do Ciudadanos.

"O problema não é o Podemos, a ERC ou o JxCat [independentistas do Junts per Catalunya], mas que Sánchez conte com eles para governar", afirmou ainda Pablo Casado.

Casado garantiu que a "única oferta" que Sánchez coloca é a abstenção do PP. "Perguntei mais de cinco vezes. Sánchez não coloca nenhuma outra alternativa", disse.

O líder do PP reiterou ainda que está preparado para apoiar os socialistas, após a investidura de Sánchez, em 11 pactos de Estado, que garantam a estabilidade da legislatura, sobretudo em assuntos económicos. "O papel do Partido Popular é o mesmo que há seis anos, que é facilitar a governabilidade", indicou. "Durante quatro anos não terão nenhum problema de estabilidade enquanto se mantenha dentro da ordem constitucional e na estabilidade orçamental", acrescentou.

Arrimadas contra o "Governo de insónia"

Depois do encontro com Casado, o líder socialista esteve reunido durante mais de uma hora com a porta-voz do Ciudadanos no Congresso, Inés Arrimadas, candidata à sucessão de Albert Rivera à frente do partido.

Arrimadas tinha pedido uma reunião a três, com Sánchez e Casado, numa tentativa de evitar o "governo de insónia" com o qual o líder socialista ameaça. A porta-voz do Ciudadanos lembrou as palavras do primeiro-ministro durante a campanha, que disse que não conseguiria dormir com o Podemos no governo.

Arrimadas disse-lhe que não poderá dar o seu apoio à aliança entre PSOE e Podemos, reiterando que a opção é a "via 221", um "governo constitucionalista", uma aliança entre PSOE, PP e Ciudadanos, que somam juntos 221 lugares no Parlamento espanhol. Sánchez governaria sozinho com base em pactos de governo com estes dois partidos.

A porta-voz do Ciudadanos pede a Sánchez que faça história "para bem", não "para mal", repetindo que estava de acordo com o Sánchez de antes das eleições, que criticava o Podemos.

"Sánchez não tem assegurada a investidura", disse Arrimadas, reiterando que o Ciudadanos não irá apoiar o acordo entre PP e Podemos, indicando que o líder socialista insiste no acordo que assinou com Iglesias. Um governo que apelidou de "Frankenstein", uma expressão usada em Espanha para falar de um executivo que depende de vários partidos pequenos), alegando que este é "totalmente instável e populista".

Arrimadas pede a Casado que não dê desculpas a Sánchez para se aliar com o Podemos.

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