Cães ajudam a encontrar cinzas de familiares perdidas nos incêndios da Califórnia
Método usado para identificar cemitérios com milhares de anos está a ser útil para encontrar cinzas de entes queridos perdidas nos incêndios da Califórnia. Serviço é oferecido gratuitamente às vítimas
Judy Morris perdeu as cinzas do marido, que guardava numa urna de porcelana, num incêndio que destruiu milhares de casas em Santa Rosa, na Califórnia, no ano passado. Uma semana depois, aceitou reunir-se com uma equipa de arqueólogos, treinadores e cães, que ofereciam serviços gratuitos para as vítimas dos incêndios. "Fiquei chocada porque as cinzas do meu marido foram encontradas no meio daquela confusão. Foi um milagre num período sombrio", disse ao WikiTribune, dez meses após a tragédia.
De acordo com a mesma publicação, os cães estão a ser usados para encontrar cinzas de entes queridos que se perderam na sequência dos incêndios na Califórnia.
Lynne Engelbert e Piper, um cão da raça border collie, deixaram de trabalhar nas operações de busca e salvamento devido à exigência física, que, segundo Lynne, já não se adequava à sua idade.
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No Institute of Canine Forensics (ICF), Piper recebe treino para localizar restos mortais de pessoas que morreram há muitos anos. Até mesmo há alguns séculos, segundo o WikiTribune. Uma especialidade que é conhecida como "Historic Human Remains Detection" (deteção histórica de restos humanos, em português) e que ajuda sobretudo os arqueólogos a identificar cemitérios de índios americanos espalhados pela Califórnia.
"Nós nunca perdemos o nosso cheiro humano", explica Lynne, destacando que os cães treinados no ICF são capazes de identificar cremações feitas há milhares de anos.
No ano passado, Lynne e Piper foram para o terreno após os incêndios, mas já não foram procurar corpos carbonizados como outrora. Desta vez, as equipas do ICF foram ajudar as vítimas dos incêndios na identificação das cinzas dos seus familiares, que foram cremados muito antes dos incêndios florestais.
Como milhares de casas foram destruídas, o WikiTribune conta que o instituto recebeu inúmeros pedidos para identificar cinzas. Agora, Lynne Engelbert prepara-se para viajar até Redding, na Califórnia, onde o terceiro maior incêndio do estado em 2018 destruiu mais de mil casas.
Cheiram o osso
Enquanto os cães que procuram cadáveres farejam o tecido em decomposição ou o suor de alguém que ainda está vivo, estes animais são treinados para identificar o cheiro do osso e, assim, identificar restos mortais. Contudo, diz a mesma publicação, o processo ainda não é claro, pois não são conhecidos os materiais que detetam.
Depois de os animais localizarem as cinzas, fica mais fácil para os humanos distinguir o que resulta de uma cremação, já que a poeira branca e cor de rosa diz respeito a carne e osso queimados.