Bruxelas autoriza Hungria a utilizar vacina russa

Executivo europeu alerta que a medida é limitada e temporária, uma vez que a Sputnik V ainda não foi autorizada pela Agência Europeia de Medicamentos.

A Comissão Europeia confirmou que a Hungria poderá fornecer a vacina russa contra o novo coronavírus, a Sputnik V, aos seus cidadãos, apesar do medicamento ainda não ter sido autorizado pela Agência Europeia de Medicamentos. No entanto, alerta a UE, deve a Hungria assumir a "completa responsabilidade" pela opção.

Segundo a Rússia, a vacina é mais de 90% eficaz, mas os resultados dos testes ainda não foram publicados para que possam ser revistos ​​pela comunidade científica. Algo que não afasta o interesse das autoridades húngaras na chamada Sputnik V em homenagem ao satélite da era soviética que desencadeou a corrida espacial.

A Hungria poderá assim recorrer a um procedimento de emergência previsto na regulamentação europeia que permite aos Estados-Membros testar nos seus territórios vacinas que ainda não tenham a aprovação do organismo europeu.

Permissão essa que é "limitada" e "temporária". "Numa situação de emergência, um Estado membro pode de forma limitada autorizar uma vacina e a sua distribuição aos cidadãos", explicou o porta-voz do Executivo Comunitário, Eric Mamer, esta segunda-feira, especificando que nestes casos a vacina licenciada só pode ser fornecida dentro das fronteiras do país que optou por este procedimento.

A UE tem contratos com empresas ocidentais - Moderna, AstraZeneca, Johnson & Johnson, Sanofi-GSK, Pfizer-BioNTech e CureVac (anunciada esta segunda-feira pela presidente da UE, Ursula von der Leyen, e pela comissária da saúde, Stella Kyriakides) -, enquanto que a Hungria, que também enfrenta Bruxelas na questão do orçamento comunitário, já tinha avisado da intenção de prosseguir um outro caminho e apostar na Sputnik V.

Mas há quem veja na compra da vacina uma prova da aproximação da Hungria à Rússia. Kirill Dmitriev, chefe do Fundo Russo de Investimento Direto, que está a financiar o desenvolvimento da vacina, admitiu ao Financial Times, que "razões políticas" estavam a atrapalhar as negociações com os países da UE sobre a vacina.

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