Banco de Inglaterra admite prolongamento do período de transição Brexit até 2024

Uma extensão do período de transição até 2024 poderá ser necessária para negociar a futura relação económica entre o Reino Unido e a União Europeia, admitiu esta terça-feira o governador do Banco de Inglaterra, Mark Carney.
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"Seria sensato avaliar, de uma forma cuidadosa, objetiva e transparente, quanto tempo será provável demorar a negociar a nova parceria económica e todos os respetivos aspetos e implementá-la", advertiu esta terça-feira, ao ser questionado por deputados na comissão parlamentar para as Finanças.

Como "um ponto de referência", referiu que um acordo comercial demora, do início ao fim, cerca de quatro anos a negociar, seguido de um período de implementação de metade, ou seja, dois anos.

Atualmente, o acordo de saída negociado pelo Governo britânico e os 27 prevê um período de transição de apenas 21 meses, desde abril de 2019 ao fim de dezembro de 2020.

Carney alertou ainda para "os constrangimentos da outra parte", no caso a UE, devido às eleições para o Parlamento Europeu de 2019.

"A minha experiência é que não se passa muito no período antes das eleições e semanas depois. Têm lugar exatamente no meio, por isso existe uma janela muito limitada para negociar", comentou.

O rascunho do acordo de saída do Reino Unido do bloco comunitário contém uma cláusula que prevê a extensão do período de transição por "um período único e limitado", mas o negociador chefe da UE para o Brexit, Michel Barnier assumiu na segunda-feira que ainda não há acordo entre os 27 sobre o limite da extensão.

Em termos de preparação, Carney disse que o setor financeiro já está muito avançado, mas concordou que a maioria das empresas britânicas "não estão preparadas" e questionou se a polícia das fronteiras e autoridade tributária conseguirá ter a logística pronta até ao final de 2020.

"Mas o Governo e outros terão uma melhor consciência do progresso que já foi feito sobre a parceria económica e quanto ainda precisa de ser feito", vincou, a propósito da declaração que acompanha o acordo e que refere algumas das linhas gerais para a negociação a começar após o Brexit, em 29 de março de 2019.

Evitando fazer juízos sobre o acordo de saída do Reino Unido da EU, que deverá ser aprovado no conselho europeu no domingo em Bruxelas, Carney comentou que "qualquer acordo, em particular um com transição e alguma expectativa de parceria económica profunda no final do tempo, daria mais certeza às empresas e garantiria mais investimento no futuro.

O Banco da Inglaterra vai publicar uma avaliação do acordo a 28 de novembro com cenários que incluem o impacto para a economia britânica se o país sair da UE sem um acordo e sem uma transição.

Esta possibilidade tornou-se um risco maior devido à forte contestação que o acordo de saída teve, não só dos partidos da oposição como do próprio partido Conservador, em que vários deputados continuam a preparar uma moção de censura à líder, Theresa May.

Uma das queixas que têm feito é que o prolongamento da transição mantém o país na união aduaneira e impede que, apesar de poderem ser negociados e assinados, possam entrar em vigor novos acordos de comércio com países terceiros.

O acordo também não satisfaz o Partido Democrata Unionista (DUP), partido da Irlanda do Norte, que rompeu na segunda-feira um acordo de aliança ao votar contra o governo num voto da especialidade sobre o Orçamento de Estado e ao abster-se noutros votos.

Segundo o deputado do DUP Sammy Wilson, estes votos "planeados para enviar uma mensagem política ao governo", indicando que poderá ajudar a chumbar o documento quando for votado no parlamento britânico.

Juncker recebe May esta quarta-feira

O presidente da Comissão Europeia (CE), Jean-Claude Juncker, receberá na quarta-feira a primeira-ministra britânica, Theresa May, anunciou esta terça-feira o porta-voz da Comissão, Margaritis Schinas.

"O presidente Juncker irá reunir-se com Theresa May amanhã, quarta-feira, 21 de novembro" às 17:30 (hora de Bruxelas, 16:30 em Lisboa), informou o porta-voz pela rede social Twitter.

Este encontro entre os dois líderes será o primeiro desde a apresentação, na semana passada, do acordo de saída do Reino Unido da União Europeia (UE).

A reunião acontece no momento que ainda não se conhece o conteúdo da declaração política sobre a futura relação entre o Reino Unido e a União Europeia, que deve complementar o projeto de acordo apresentado na semana passada.

No próximo domingo será realizada uma cimeira, em Bruxelas, em que os líderes dos 27 membros que permanecem na UE darão a sua opinião sobre o acordo técnico alcançado entre Londres e Bruxelas para o Brexit.

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