Brexit: Corbyn acusa May de falta de flexibilidade para sair do impasse

"Embora a porta do gabinete dela esteja aberta, os espíritos lá dentro estão completamente fechados", acusou o líder da oposição trabalhista.
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O líder do partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, acusou hoje a primeira-ministra britânica, Theresa May, de não mostrar flexibilidade para negociar com a oposição uma saída do impasse sobre o 'Brexit'.

"Eu propus à primeira-ministra em setembro do ano passado discutir o nosso acordo com ela. Mas parece que, embora a porta do gabinete dela esteja aberta, os espíritos lá dentro estão completamente fechados", lamentou hoje, no parlamento.

O líder da oposição reagia à insistência de Theresa May para uma reunião para encontrar um consenso no processo de saída do Reino Unido da União Europeia (UE).

"O que eu tenho pretendido fazer e tenho feito com membros de toda a Câmara [dos Comuns] é sentarmo-nos e falar sobre como podemos garantir o apoio para um acordo", afirmou May, durante a sessão semanal de respostas aos deputados.

Porém, referiu a primeira-ministra, o líder do partido Trabalhista, teve contactos no passado com os grupos terroristas Hamas, Hezbollah e IRA "sem premissas, mas não está disposto a encontrar-se comigo para falar sobre o 'Brexit'".

O líder trabalhista replicou que a chefe do governo "não tem mostrado nenhuma flexibilidade para tirar a saída sem acordo da mesa", a condição que colocou para existirem negociações interpartidárias.

O parlamento rejeitou na semana passada por uma margem de 230 votos, incluindo 118 deputados do partido Conservador, o Acordo de Saída do Reino Unido da UE negociado pelo governo com Bruxelas, agravando o risco de o país sair sem um acordo a 29 de março, data prevista para o 'Brexit'.

Após contactos com os partidos da oposição, Theresa May determinou como curso de ação aprofundar negociações com os deputados do partido Conservador e do Partido Democrata Unionista (DUP) para tentar ultrapassar as objeções existentes à solução que pretende evitar uma fronteira física entre a Irlanda do Norte e a Irlanda.

O plano vai ser alvo de um voto na terça-feira, mas poderá ser sujeito a emendas propostas por deputados.

Num texto que submeteu, Corbyn pede ao governo para "negociar alterações ao projeto de acordo de saída e declaração política, a fim de garantir uma união aduaneira permanente com a UE" e também sugere um referendo ao acordo do governo ou da alternativa que consiga um consenso no parlamento.

A emenda do 'Labour' exige também que o governo "assegure tempo suficiente para o Parlamento do Reino Unido considerar e votar opções para impedir que o Reino Unido deixe a UE sem um acordo de saída", avançando com as opções da união aduaneira e do referendo.

Na terça-feira à noite, o ministro-sombra das Finanças do partido Trabalhista, John McDonnell admitiu, em entrevista à BBC, que existe a "alta probabilidade" de o maior partido da oposição também apoiar a emenda proposta pela deputada trabalhista Yvette Cooper.

Esta propôs a discussão de um projeto de lei dentro de duas semanas, a 05 de fevereiro, que obrigaria legalmente o governo a pedir um prolongamento do fim do artigo 50.º se até 26 de fevereiro não for aprovado um acordo de saída, ideia que já recebeu o apoio de deputados de outros partidos da oposição e do partido Conservador.

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