Brasileiros pedem impeachment de Bolsonaro por vídeo obsceno no Twitter
O tópico #ImpeachmentBolsonaro lidera a lista dos assuntos mais comentados no Twitter brasileiro desde a madrugada de quarta-feira, em resposta ao vídeo com conteúdo obsceno reproduzido na rede social pelo presidente na noite de terça-feira.
Ao pretender criticar o Carnaval de rua, Jair Bolsonaro publicou imagens de um homem a colocar o dedo no próprio ânus e de outro a urinar-lhe por cima no carnaval de São Paulo. O vídeo, considerado de conteúdo restrito, foi removido pelo Twitter. Utilizadores do Twittercriticaram o uso do vídeo, sem o filtro que identifica matéria de uso sensível, e lembraram o artigo da constituição em que "falta de decoro" é considerado crime de responsabilidade e, portanto, passível de impeachment.
Além do vídeo, Bolsonaro tem na sua conta oficial outro tweet a dizer "o que é golden shower?".
Líderes da oposição classificaram a divulgação do vídeo como conduta incompatível com o cargo e avaliam a possibilidade de tomar atitudes em relação ao episódio. "Não podemos descartar a possibilidade de solicitar até um teste de sanidade mental", disse o líder parlamentar do PT na Câmara dos Deputados Paulo Pimenta.
"Os tweets de Bolsonaro são, do início ao fim, incompatíveis com o cargo que ocupa. Um presidente tem obrigação de agir com um mínimo de decoro. Ele demonstra não ter postura ou responsabilidade. Totalmente sem noção. É inacreditável", acrescentou Alessandro Molon, do PSB.
O caso chegou a ser comparado ao episódio de há 25 anos em que o então presidente Itamar Franco foi filmado durante o Carnaval ao lado de uma modelo, Lilian Ramos, que não usava roupa interior. Na ocasião, o impeachment chegou a ser abordado.
Os apoiantes de Bolsonaro - cuja hashtag#opresidentetemrazao segue em segundo lugar no Twitter do Brasil - reagiram em sua defesa. A deputada Bia Kicis, do PSL, escreveu que "quem denigre a imagem e a cultura do povo são vocês". "O presidente é nosso mandatário para resgatar-nos da lama em que a esquerda nos jogou, essas cenas aviltam os meus olhos, a minha alma e o meu senso de dignidade. Não consigo ver mais do que alguns segundos. Quem são essas pessoas, meu Deus! Que doença terrível o esquerdismo!".
Bolsonaro escrevera no texto de apoio às imagens o seguinte texto: "Não me sinto confortável em mostrar, mas temos que expor a verdade para a população ter conhecimento e sempre tomar suas prioridades. É isto que tem virado muitos blocos de rua no carnaval brasileiro. Comentem e tirem suas conclusões".
O presidente, que foi um dos alvos preferenciais nos blocos de carnaval de rua em todo o país, publicou ainda uma marcha de Carnaval, interpretada por um cantor desconhecido, em que ataca Daniela Mercury e Caetano Veloso, músicos que se declararam contrários ao governo durante as festas.