"Peço desculpa, enganei-me". Boris Johnson confunde restrições
Primeiro-ministro britânico enganou-se ao esclarecer quais as restrições em vigor no nordeste de Inglaterra para travar a pandemia de covid-19.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, pediu nesta terça-feira desculpas por se ter enganado a esclarecer quais as restrições em vigor no nordeste de Inglaterra para travar a pandemia de covid-19, intensificando as críticas à confusão existente sobre as regras.
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"Peço desculpa, eu enganei-me hoje", disse através da rede social Twitter, acrescentando que naquela região as pessoas estão proibidas de socializar com pessoas de agregados familiares diferentes em espaços interiores, seja em casa ou bares e restaurantes, e devem evitar fazê-lo em espaços ao ar livre.
"Isto é essencial para controlar a transmissão do coronavírus e manter a segurança de todos", vincou.
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O pedido de desculpas aconteceu poucas horas depois de, durante uma conferência de imprensa em Exeter, no sudoeste de Inglaterra, onde apresentou um novo programa de educação e formação de adultos, ter dado uma resposta confusa.
"No nordeste e em outras áreas onde medidas adicionais foram introduzidas, devem seguir a orientação das autoridades locais, mas são seis numa casa, seis na restauração, mas pelo que entendi, não seis fora", disse na conferência de imprensa.
O chefe do governo estava a referir-se à regra existente a nível nacional que proíbe ajuntamentos de mais de seis pessoas em espaços interiores ou ao ar livre, mas que permite a socialização de pessoas de agregados familiares diferentes.
A líder adjunta do Partido Trabalhista, Angela Rayner, considerou a falha de Boris Johnson um sinal de "incompetência grave".
"Estas novas restrições vão entrar em vigor em grandes partes do país nesta noite. O governo precisa de saber o que faz", disse.
O ministro da Saúde, Matt Hancock, anunciou as restrições na segunda-feira no parlamento para a região do nordeste, que inclui a cidade de Newcastle e regiões circundantes de Durham, Northumberland, Sunderland ou Tyneside, onde a incidência de covid-19 ultrapassou os cem casos por cem mil habitantes.
Nesta manhã a subsecretária de Estado da Educação, Gillian Keegan, também admitiu não saber responder quais as restrições que foram impostas naquela área, que afetam cerca de dois milhões de pessoas.
"Peço desculpa por não poder responder a essa pergunta. Tenho a certeza de que muitas pessoas poderiam [responder]", disse à BBC.
O governo britânico tem estado sob pressão de especialistas e políticos da oposição para, por um lado, reforçar as restrições para reduzir a transmissão do vírus, mas também por alguns cientistas e deputados do Partido Conservador para aliviar as medidas.
Na quarta-feira, vai a votos a renovação da autorização do parlamento para os poderes de emergência dados ao governo para introduzir leis e regras para combater a pandemia covid-19.
O influente deputado conservador Graham Brady apresentou uma proposta de alteração para dar à Câmara dos Comuns o direito de debater e votar estas novas leis que tem o apoio de dezenas de tories, mas o resultado depende de a emenda ser escolhida para debate e votação e ser apoiada também pelo Partido Trabalhista, o principal partido da oposição.
O Reino Unido é o país europeu com o maior número de mortos na Europa, 42 001 oficialmente, embora outras estatísticas oficiais que contabilizam os casos suspeitos cuja certidão de óbito refere o covid-19 apoiem para cerca de 57.600 mortes desde o início da pandemia.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de um milhão de mortos e mais de 33,4 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.