Boris Johnson alerta: reformas da UE são "inalcançáveis"
Para Boris Johnson, as reformas que David Cameron negociou com Bruxelas são "inalcançáveis" e o acordo que o primeiro-ministro britânico assinou com os 27 parceiros da União Europeia para garantir ao Reino Unido um "estatuto especial"não garante "mudanças significativas. O mayor de Londres, que tal como outros conservadores se juntou à campanha pela saída da UE no referendo de 23 de junho, negou na BBC que a sua posição tenha qualquer relação com ambições políticas.
Boris, que deixa a Câmara em maio, é apontado como possível sucessor de Cameron no partido e no número 10 de Downing Street caso o primeiro ministro sai do governo antes de 2020. No The Andrew Marr Show, o ainda mayor lembrou que sempre criticou "as falhas democráticas da UE". Quanto a ficar com o lugar de Cameron, negou qualquer intenção de o fazer. "Claro não", disse, acrescentando que mesmo que os britânicos votem pela saída da UE no referendo, o chefe do executivo não tem de se demitir. "Temos um primeiro-ministro maravilhoso e que eu saiba nenhum líder europeu teve de se demitir por causa de um referendo, sobre a Europa ou não", garantiu Boris Johnson.
[artigo:5064121]
O mayor criticou o facto de o acordo alcançado por Cameron em Bruxelas não manter o Reino Unido ao abrigo das intenções da UE de "evoluir do que começou por ser um mercado comum para um superestado no qual seríamos inevitavelmente envolvidos".
[artigo:5051483]
Numa entrevista acalorada, Boris foi questionado por Andrew Marr sobre o facto de os bancos ameaçarem reduzir os investimentos na City em caso de brexit. O mayor garantiu que estes alertas devem ser ignorados, até porque vêm "das pessoas que geraram o maior desastre financeiro do último século". O apresentador da BBC, visivelmente irritado com o convidado, chegou a recordar-lhe: "Este é o Andrew Marr Show, não o Boris Johnson Show".
"Veneno económico"
Também entrevista pela BBC, o ministro das Finanças alemão garantiu que se os britânicos optarem pela saída da UE isso seria "veneno" para as economias do Reino Unido, da Europa e do mundo. Wolfgang Schäuble alertou que um brexit levaria a anos de negociações tortuosas. Nunca antes um país deixou a União Europeia e uma saída britânica privaria o clube europeu da sua segunda maior economia e do seu maior centro financeiro.
Quanto a um Reino Unido de fora da UE mas com um estatuto parecido ao da Noruega - que aceita a liberdade de circulação, contribui para o orçamento europeu e respeita as regras do mercado único mas sem ter direito de voto no que lhes diz respeito -, o ministro alemão garante que "não faz muito sentido". "Não vejo porque é que o Reino Unido estaria interessado em ficar no mercado único sem poder tomar decisões", explicou.