Bolsonaro solidário com humorista condenado por piada contra deputada do PT
O presidente da República Jair Bolsonaro solidarizou-se com o humorista Danilo Gentili, condenado a seis meses e 28 dias de prisão pelo crime de injúria contra a deputada federal Maria do Rosário, do PT.
Segundo a sentença, em que cabe recurso, assinada por uma juiza de São Paulo, Gentilli, que apresenta um talk show no canal SBT, ofendeu "a dignidade ou o decoro" da deputada, "atribuindo-lhe a alcunha de 'puta', bem como expôs, em tom de deboche, a imagem dos servidores públicos federais e seu respectivo órgão, ou seja, a Câmara dos Deputados".
O caso aconteceu a 22 de março de 2016, quando o comediante publicou na rede social Twitterum vídeo rasgando e esfregando nas partes íntimas uma correspondência oficial enviada por Maria do Rosário.
Para Bolsonaro, o caso viola "o direito de livre expressão" "Solidarizo-me com o apresentador e comediante Danilo Gentilli ao exercer seu direito de livre expressão e sua profissão, da qual, por vezes, eu mesmo sou alvo, mas compreendo que são piadas e faz parte do jogo, algo que infelizmente vale para uns e não para outros".
A magistrada não concordou com a alegação da defesa de que não houve intenção de ofender a deputada, por se tratar de uma peça humorística. "Se a intenção do acusado não fosse a de ofender, achincalhar, humilhar, ao ser notificado pela Câmara dos Deputados, a qual lhe pediu apenas que retirasse a ofensa de sua conta do Twitter, o acusado poderia simplesmente ter discordado ou ter buscado a orientação jurídica de advogados para acionar pelo que entendesse ser seu direito".
Gentilli já reagiu: "Ao público, aos amigos e aos jornalistas, comediantes e artistas que após a minha condenação à prisão manifestaram apoio à liberdade de expressão: muito obrigado! Nunca esquecerei disso. Aos comediantes e artistas que pedem liberdade para político criminoso e chilicam contra uma possível repressão num possível futuro, mas que estão bem quietinhos agora: muito obrigado também por provarem que o meu ponto de vista é verdadeiro".
Maria do Rosário é a mesma deputada que se envolveu numa discussão com o então colega Bolsonaro em 2003 em que o hoje presidente disse "eu jamais te estupraria porque você não merece" por, supostamente, a parlamentar o ter chamado de "estuprador".
O caso mereceu repercussão na imprensa e nas redes sociais com argumentos a favor da liberdade de expressão de Gentilli, por um lado, e críticas a Bolsonaro por se ter apressado a solidarizar-se com o humorista e não ter ainda se solidarizado com a família de Evaldo Rosa, morto por engano numa ação do exército após rajada de 80 tiros no Rio de Janeiro.