Bolsonaro e a libertação de Lula: "Não dê munição ao canalha que está momentaneamente livre"

O presidente do Brasil ​​​​​​​pediu aos seus apoiantes para não prestarem atenção à libertação de Lula da Silva. Na primeira reação à saída da prisão do antigo chefe de estado, Bolsonaro disse acreditar que este está "carregado de culpa".

"Não dê munição ao canalha", pede o presidente do Brasil, referindo-se à libertação do ex-presidente do Brasil Lula da Silva da prisão, "que momentaneamente está livre, mas carregado de culpa", para o chefe de estado atual.

"Amantes da liberdade e do bom, somos a maioria. Não podemos cometer erros. Sem um norte e um comando, mesmo a melhor tropa se torna num bando que atira para todos os lados, inclusive nos amigos. Não dê munição ao canalha, que momentaneamente está livre, mas carregado de culpa", reagiu Bolsonaro na sua conta no Twitter, este sábado.

Para o chefe de estado, que quebrou esta manhã o silêncio sobre a libertação de Lula, o Brasil iniciou "há poucos meses a nova fase de recuperação" e este "não é um processo rápido". Bolsonaro elogiou ainda o ministro da Justiça, Sergio Moro, o principal responsável pela prisão de Lula. "Em parte, o que acontece na política no Brasil, devemos a Sergio Moro".

Lula da Silva saiu da prisão em Curitiba, esta sexta-feira, onde esteve durante 17 meses, acusado de corrupção. A decisão foi tomada pelo Supremo Tribunal Federal brasileiro um dia antes. Durante o seu primeiro discurso em liberdade, no estado de Goiás, ​​​​​​o ex-presidente não poupou nas críticas ao atual chefe de estado: "O Brasil vai melhorar quando tiver um presidente que não minta tanto como Bolsonaro mente pelo twitter". Lula da Silva deixou ainda a promessa de "lutar pela vida dos brasileiros, que está uma desgraça", colocando-se já como contraponto político e social ao governo.

Bolsonaro encontrava-se numa cerimónia de entrega de autocarros escolares, quando Lula saiu em liberdade, segundo a "Folha de São Paulo". De acordo com o jornal, um assessor mostrou ao presidente as imagens do momento da libertação, mas este não fez qualquer comentário. Ao contrário dos seus filhos. "Chega de impunidade, o Brasil não aguenta mais", foi a reação do deputado federal Eduardo Bolsonaro.

Já o vereador Carlos Bolsonaro reiterou que o país não pode aceitar "mais o show dos bandidos do PT, PCdoB, Piçóu etc!". "Sei que o jogo virará rapidamente".

"Uma ideia não se prende"

Lula da Silva, 74 anos, foi preso em abril do ano passado, no âmbito da Operação Lava Jato, por causa de um apartamento tríplex em seu nome numa praia do estado de São Paulo. Era candidato às eleições para a presidência da República pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e as sondagens mostravam-se favoráveis para si.

Esta semana, o Supremo Tribunal Federal votou favoravelmente (seis votos a favor e cinco contra) uma alteração à pena de prisão no Brasil, que passa a ser aplicada só depois dos processos transitarem para julgamento e não apenas na sequência de uma condenação em segunda instância. A exceção são os casos de flagrante delito ou de criminosos considerados perigosos para a sociedade. Esta decisão beneficiou cerca de cinco mil prisioneiros, entre eles, 12 condenados do processo Lava Jato.

Assim que deixou o estabelecimento prisional, Lula discursou perante milhares de apoiantes, que gritavam: "Lula, eu te amo". "O lado podre da política federal, da receita federal, do ministério público federal tentaram criminalizar a esquerda brasileira. Eles não prenderem um homem eles tentaram prender uma ideia, mas uma ideia não se prende", acusou.

O ex-presidente declarou ainda que quer aproveitar os próximos tempos para viajar pelo Brasil e ser uma espécie de líder da oposição ao governo de Bolsonaro, apesar de a sua atual situação jurídica não permitir candidatar-se a cargos públicos, por enquanto.

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