Há uma "exploração desumana" na Disney
Bernie Sanders, senador americano e ex-candidato à presidência dos Estados Unidos comoveu-se com os testemunhos daqueles trabalhadores que, na Disneyland, em Anaheim, Califórnia, "andam todo o dia com fatos de Mickey Mouse e Donald Trump, que preparam e servem a comida, recolhem bilhetes", etc, e "têm salários tão baixos que mal conseguem sobreviver".
O democrata juntou-se à manifestação dos trabalhadores no passado fim de semana. O "sítio mais feliz do mundo", como costuma ser apelidada a Disneyland, "é uma empresa de 150 mil milhões de dólares, que teve lucros de 9 mil milhões no ano passado" e pagou "uma indemnização de 423 milhões de dólares ao CEO Bob Iger por quatro anos", recorda num artigo publicado nesta quarta-feira no Guardian .
"Os trabalhadores da Disneyland enfrentam exploração desumana. A luta deles é a nossa luta." Citando um estudo recente da Occidental College e Economic Roundtable, Sanders lembrou que um em cada dez trabalhadores já foi sem-abrigo, e que dois terços não tem a certeza de ter o que comer a cada dia. O salário pago por hora desceu 15% entre 2000 e 2017, que 80% dos trabalhadores ganham menos de 12 dólares à hora.
"Tive de tirar a minha filha de 16 anos de casa. Já não consigo tomar conta dela", disse uma trabalhadora a Sanders. Outra contou-lhe que viveu três meses e meio no carro, embora trabalhasse entre 40 e 60 horas por semana.
"É precisa uma grande coragem para o que estes trabalhadores estão a fazer, a levantar a voz contra a ganância de uma das mais poderosas e lucrativas sociedades da América", escreveu Sanders, considerando que se as suas reivindicações de um pagamento mínimo de 15 dólares à hora forem correspondidos, "este será um grito ouvido por todo o mundo".
O encontro entre os sindicatos e a Disney deverá ter lugar amanhã, sexta-feira, e em causa deverão estar também os trabalhadores de Orlando, Florida. Em cima da mesa está a proposta da Disney de aumentar para 15 dólares à hora o salário dos seus trabalhadores além de um bónus de mil dólares, já antes anunciado mas que nunca foi posto em prática.