Mickaël Harpon, um informático de 45 anos que trabalhava desde 2003 na direção de informações da prefeitura de polícia de Paris, atacou na quinta-feira vários colegas com uma faca, matando quatro deles e ferindo um outro, e acabou por ser abatido por um polícia no pátio do edifício..As primeiras investigações, disse o procurador em conferência de imprensa, revelaram que aprovava "determinadas execuções cometidas em nome dessa religião", justificava o atentado contra a redação do Charlie Hebdo em 2015 e afirmava que queria "não ter mais contacto com mulheres"..O suspeito adotou "uma mudança da forma de vestir desde há alguns meses", tendo trocado "as roupas ocidentais por um traje tradicional para ir à mesquita"..As investigações permitiram descobrir "contactos entre o autor dos factos e vários indivíduos suscetíveis de pertencer ao movimento islamita" radical..Harpon, que não tinha cadastro mas foi alvo de um processo por violência doméstica em 2009, converteu-se ao Islão "há uma dezena de anos"..O procurador descreveu por outro lado com pormenor o ataque de quinta-feira, evocando "um cenário de violência extrema", e precisou que o suspeito comprou nessa mesma manhã uma "faca de cozinha metálica" de 33 centímetros e uma "faca para ostras", que escondeu na roupa..Foi com essas armas que entre as 12:53 e as 13:00 locais (menos uma hora em Lisboa) atacou vários colegas..Segundo o procurador, Harpon adotou um comportamento aparentemente normal até dar início ao ataque..Começou por esfaquear dois colegas com quem partilhava o gabinete, de 50 e 38 anos, entrando de seguida noutro gabinete onde esfaqueou mortalmente um administrativo de 37 anos..Tentou entrar ainda noutro gabinete, que estava fechado à chave, e então desceu as escadas, agredindo outra pessoa, de 39 anos, até ao pátio, onde foi mortalmente atingido a tiro por um polícia de 24 anos que tinha entrado ao serviço apenas seis dias antes..A análise do telemóvel da mulher do suspeito, cuja prisão preventiva foi prolongada hoje por mais 48 horas, mostrou que o casal "trocou 33 sms na manhã dos factos", entre as 10:21 e as 10:50 locais.."Ao longo dessa conversa, o autor dos factos usou palavras de conotação exclusivamente religiosa", terminando com as expressões "Allah akbar" e "segue o nosso bem-amado profeta Maomé e medita no Corão", relatou o procurador..O caráter premeditado do ataque, a natureza dos factos, a vontade de morrer do autor e a sua radicalização justificaram a decisão da Procuradoria de abrir uma investigação por "homicídio e tentativa de homicídio de pessoas depositárias de autoridade pública com fins terroristas" e por "associação criminosa terrorista".