"Arrepende-se de todas as mentiras?" Jornalista esperou 5 anos para perguntar a Trump

Presidente dos Estados Unidos foi confrontado, no habitual encontro com a imprensa, com uma pergunta que não estava à espera.
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Foi um momento inesperado para todos os intervenientes, até para o jornalista que protagonizou a cena. No 'briefing' aos jornalistas com o Presidente norte-americano desta quinta-feira foi dado tempo suficiente a um profissional da comunicação social para fazer a pergunta que ele nunca tinha conseguido. Uma questão, no mínimo, insólita, mas muito pertinente.

"Sr. Presidente, após três anos e meio [da sua presidência], arrepende-se de todas as mentiras que disse ao povo americano?"

Nitidamente surpreendido, Trump replicou: "Todas as quê?"

O jornalista, S.V. Dáte, reforçou: "As mentiras, as desonestidades".

Trump: "De quem?"

O jornalista do Huffington Post: "As suas, as dezenas de milhares de...."

Trump corta-lhe a palavra e segue para outro jornalista, mas o momento fica para a posteridade nos vídeos captados pelos repórteres de imagem.

Dáte não está a exagerar quando fala em "dezenas de milhares" de declarações falsas do atual inquilino da Casa Branca. Desde que tomou posse, Donald Trump já disse mais de 20 mil mentiras ou falsidades segundo uma contabilização do Washington Post, que mantém um fact checking permanente (tanto quanto possível) ao presidente.

A relação, no mínimo, distante de Donald Trump com a verdade não começou com a tomada de posse. Já durante a campanha presidencial houve vários casos em que o republicano mentiu ou propalou histórias falsas para promover os seus fins.

Exemplos disso mesmo foram os casos em que publicamente pôs em dúvida a nacionalidade americana do ex-presidente Barack Obama ou o famoso caso dos emails de Hillary Clinton, que Trump continuou a garantir ter cometido um ato criminoso mesmo após esta ter sido ilibada pelo FBI.

Daí S.V. Dáte ter dito, no Twitter, que há cinco anos que queria fazer aquela pergunta ao atual presidente.

Em declarações ao jornal britânico The Guardian, o correspondente do Huffington Post explicou que esta foi a primeira vez que teve oportunidade de questionar Trump. "Não sei por que razão ele me passou a palavra, porque já tinha tentado antes [em Março] e ele cortou-me a palavra. Talvez ele não me tenha reconhecido desta vez".

"Há um grupo de pessoas [jornalistas] a quem ele pede perguntas", prossegue Dáte. "Sempre pensei que ele nunca iria dar-me a palavra de novo, mas sempre achei que este assunto é central na sua presidência".

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