06 novembro 2018 às 14h56

Anúncio "racista". CNN, NBC e Fox recusam emitir vídeo de campanha de Trump

Anúncio do Partido Republicano relaciona um perigoso assassino com a caravana de migrantes da América Central que tenta chegar à fronteira do México com os EUA. Televisões americanas e o Facebook recusam transmiti-lo

DN

As cadeias de televisão CNN e NBC e até a conservadora Fox News recusaram transmitir o anúncio de campanha do Partido Republicano alegando que tem um conteúdo racista ao referir-se à caravana de migrantes que há semanas tenta chegar à fronteira americana. O Facebook também anunciou que tinha retirado o vídeo.

O anúncio em vídeo, criado pela equipa de campanha de Trump para as eleições intercalares que se realizam esta terça-feira nos Estados Unidos, vincula um conhecido criminoso sem visto para residir nos EUA à caravana de cerca de seis mil migrantes. E culpa os democratas por terem permitido que o homem entrasse no país.

Trata-se de Luis Bracamontes, mexicano condenado à morte em abril passado pelo assassinato de dois polícias em Sacramento (Califórnia), em 2014. "Os democratas deixaram-no entrar no nosso país" é uma das frases que surge no vídeo de campanha, a par de outras como "os democratas deixaram-no ficar".

Ao mesmo tempo, o anúncio mostra imagens da caravana de centro-americanos que se dirigem à fronteira do México com os EUA. "Os delinquentes ilegais perigosos como o assassino de polícias Luis Bracamontes não se preocupam com as nossas leis", destaca a publicidade, embora não seja conhecida qualquer relação do criminoso com a coluna de migrantes,

Trump tem anúncio no Twitter

Trump publicou no Twitter uma parte do anúncio, mostrando Bracamontes a dizer que mataria mais polícias, bem como os migrantes a tentarem forçar um portão. O tweet do presidente americano tem mais de 6,5 milhões de visualizações e 96 mil gostos.

Questionado pelos jornalistas sobre a polémica, Trump disse que não sabia do que se tratava e acrescentou que a sua equipa de campanha fez muitos anúncios "que foram eficazes conforme demonstram os números que estamos a ver". Perante a insistência, afirmou ainda que "muitas coisas são ofensivas" e aproveitou para criticar a imprensa, "o inimigo do povo".

Em comunicado, o Facebook anunciou a retirada do anúncio e explicou que, embora o vídeo possa continuar a ser partilhado pelos utilizadores, a rede social não permitirá que se pague pela difusão, como ocorreu até agora.

A imprensa norte-americana estimou que os republicanos gastaram entre 28 000 e 100 000 de dólares para promover o anúncio no Facebook, que teve entre 2,8 e 5 milhões de visualizações na plataforma.

No domingo à noite também a NBC difundiu a publicidade de campanha durante o espaço comercial do Sunday Night Football. Mas perante o número de críticas que se fizeram ouvir por parte dos telespectadores, acabou por retirá-lo. "Depois de uma análise adicional, reconhecemos a natureza insensível do anúncio e decidimos deixar de o emitir. A CNN recusou à partida a emitir o anúncio dos republicanos.