Antônio Fagundes sente "um pouco de raiva" de atores no governo Bolsonaro
Antônio Fagundes, parceiro de cena em tantas novelas da TV Globo de Regina Duarte, disse sentir "um pouco de raiva" de atores que aceitaram participar do atual governo brasileiro, como a colega.
"Tenho pena de atores que aceitam esse tipo de coisa [trabalhar na política]", começou por afirmar o ator de 71 anos em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. "Eles não têm a menor noção de como funciona aquilo ali. Não é uma novela, é um circo com regras próprias. E dependendo do governo, as regras são mais loucas ainda."
Sobre o governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro, a pena que Fagundes diz sentir transforma-se em raiva. "Agora, não tenho pena de quem aceita trabalhar neste governo atual. Tenho até um pouco de raiva", afirmou.
Além de Regina Duarte, que foi secretária de Estado da Cultura por dois meses, também Mário Frias, que participou numa das temporadas da telenovela adolescente Malhação, foi convidado para o executivo de Bolsonaro - ele é o atual secretário de Estado do setor.
"Começaram a fazer uma campanha de que os artistas mamavam nas tetas do governo. Você já percebia aí uma coisa de mau-caractismo", disse Fagundes. "Eles eram contra a Lei Rouanet [lei de incentivo à cultura lançada em 1991 por Sérgio Paulo Rouanet, secretário da Cultura do governo de Fernando Collor de Mello] e agora todo o património histórico brasileiro está sendo dilapidado, as sinfónicas não estão podendo sobreviver, calaram os circos. E espere: vão destruir também o cinema."
Fagundes foi notícia ainda nos últimos tempos por ter visto quebrado o seu contrato de mais de quatro décadas com a TV Globo. O ator encarou a decisão da emissora com "naturalidade".
"Estive trabalhando na TV Globo nos últimos 44 anos, recebi um milhão de convites para fazer coisas e não pude aceitar porque estava preso contratualmente à emissora. O fim do meu contrato é consequência de uma mudança operacional da empresa e não vejo isso como um problema."
Fagundes vai negociar com a TV Globo ou outra entidade patronal a partir de agora trabalho a trabalho. Em 2022, por exemplo, deve voltar aos ecrãs daquela estação no remake da telenovela Pantanal.