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07 dezembro 2018 às 16h12

Annegret Kramp-Karrenbauer. A sucessora de Merkel garante que é muito mais do que "uma cópia"

Annegret Kramp-Karrenbauer foi eleita pelos delegados da CDU para suceder a Angela Merkel como líder do partido

Helena Tecedeiro

"As pessoas consideram-me uma cópia [de Angela Merkel], apenas mais do mesmo, mas posso garantir-vos que tenho as minhas próprias opiniões, sou eu própria", garantiu Annegret Kramp-Karrenbauer.

Conhecida pelas iniciais AKK, a nova líder da CDU [União Democrata Cristã) conseguiu 51% dos votos dos 1001 delegados do partido reunidos em Hamburgo, derrotando numa segunda volta Friedrich Merz. O terceiro candidato, Jens Spahn fora eliminado logo na primeira ronda.

AKK conseguiu 517 votos, contra os 482 de Merz, atual presidente do conselho fiscal da filial germânica da empresa de gestão de ativos BlackRock. A carreira política de Merz levou um tombo em 2002. Angela Merkel, para cimentar o seu poder e em resultado de um acordo com Edmund Stoiber (foi o social-cristão quem concorreu a chanceler), tomou a Merz o cargo de líder da bancada parlamentar da CDU-CSU. Entre 2005 e 2009 foi crítico do governo da Grande Coligação, até acabar por sair da política ativa. Mas nunca deixou o partido.

Apesar de deixar a liderança da CDU, Merkel continua como chanceler. O seu mandato só termina em 2021, mas muitos analistas apostam que a chefe do governo possa passar o testemunho mais cedo.

Conhecida como mini-Merkel, AKK era a preferida da chanceler, embora esta não o tenha dito em público. Nem era preciso: foi Merkel quem indicou AKK para o cargo de secretária-geral da CDU, cargo que a própria exerceu entre 1998 e abril de 2000, quando ascendeu ao topo da hierarquia partidária.

Para se dedicar ao partido, Annegret Kramp-Karrenbauer deixou o Sarre, o estado que governava desde 2011. AKK é considerada centrista e pragmática.

Socialmente é conservadora - opõe-se ao casamento gay -, mas, por outro lado, defende a ordenação de mulheres na Igreja Católica. No campo dos direitos sociais podia ser confundida com uma militante do SPD: defende o acolhimento dos imigrantes, o salário mínimo, os direitos dos trabalhadores e tem como máxima que o desenvolvimento económico não deve deixar ninguém para trás.

AKK é casada com um engenheiro de minas que abdicou da carreira para cuidar dos três filhos do casal.