Lorena Bobbit: a outra história da mulher que cortou o pénis ao marido
Numa noite de junho, em 1993, Lorena Bobbit pegou numa faca de cozinha e cortou o pénis ao marido, John Wayne Bobbit, enquanto este dormia. Em tribunal ficaria demonstrado que a agressão ocorreu na sequência de abusos físicos e emocionais, com Lorena a ser absolvida com base em insanidade temporária. Mas os acontecimentos que conduziram àquela noite pouca ou nenhuma atenção mereceram na comunicação social.
Lorena foi descrita na imprensa como a "latina de sangue quente" que tinha perdido a cabeça e chegou a ser tema de rábulas jocosas em programas humorísticos nas televisões.
O tema das notícias, nos dias, meses e anos que se seguiram ao ataque foram a forma como a polícia recuperou o membro num descampado à beira da estrada, para Lorena esta o tinha lançado durante a fuga de automóvel, como a polícia o recuperou e levou até ao hospital, onde foi reimplantado numa complexa intervenção cirúrgica e como o homem - batizado em homenagem à famosa estrela de westerns - recuperou quase integralmente todas as funções, aproveitando mesmo para lançar (sem sucesso) uma banda de rock chamada severed parts (partes cortadas) e estelar num filme pornográfico.
Agora, uma série documental recém-estreada nos Estados Unidos tenta contar o lado da história que passou ao lado das notícias: os motivos que levaram a jovem imigrante do Equador, agora conhecida pelo nome de Lorena Gallo, a perder definitivamente o controlo. Uma história que começa anos antes, com uma acusação de violação da qual Wayne acabaria por ser absolvido. "Eles sempre se focaram naquilo [o pénis]", contou Lorena numa entrevista ao New York Times , a propósito do documentário. "E parece que todos passaram ao lado ou não quiseram saber porque eu fiz o que fiz".