Acionistas do Facebook querem derrubar "ditador" Zuckerberg

Um grupo de investidores com participação no capital social da gigante tecnológica acha que o fundador não está a gerir bem os destinos da empresa, afetada por vários escândalos
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Mark Zuckerberg pode ter os dias contados no Facebook? Ainda será cedo para perceber, mas um grupo de acionistas da popular rede social está a pedir a resignação do fundador e atual presidente do Conselho de Administração, por considerarem que Zuckerberg não está a conseguir dar resposta adequada aos vários escândalos em que o Facebook se tem visto envolvido.

Desde a partilha de dados pessoais de 87 milhões de utilizadores com a empresa de tratamento de dados Cambridge Analytica, ao papel do Facebook na interferência russa sobre as eleições norte-americanas, passando pela propagação de fake news, pelas falhas de segurança perante ataques cibernéticos, pela partilha de dados dos utilizadores com empresas chinesas como a fabricante de telemóveis Huwaei ou pelo processo que enfrenta sobre as alegadas manipulações nos dados fornecidos a anunciantes sobre as visualizações de vídeos, têm sido vários os casos que têm atingido a credibilidade da empresa de Mark Zuckerberg e levantado questões sobre a sua governação.

Por isso, este grupo de acionistas, formado por vários fundos de investimento que detêm mais de mil milhões em ações do Facebook, quer a demissão de Mark Zuckerberg da presidência do conselho de administração da empresa, invocando que o fundador está a "colocar os investidores em risco" - desde julho, as ações da rede social perderam 30% dos valor e estão a cotar atualmente em redor dos 154 dólares (134 euros) por ação.

Para "restaurar a confiança dos investidores" e "proteger o valor dos acionistas", estes investidores institucionais exigem maior "transparência e independência na gestão" do Facebook e pedem que Zuckerberg deixe de acumular as funções de presidente do conselho de administração com as de CEO.

O pedido partiu originalmente do fundo Trillium Asset Management e foi subscrito pelos responsáveis do Tesouro do estado de Ilinois, de Rhode Island,da Pensilvânia e da New York City Comptroller (a diretoria fiscal de Nova Iorque). "Um presidente do conselho independente é essencial para retirar o Facebook desta confusão e restabelecer a confiança junto dos americanos e dos investidores", diz Scott Stringer, responsável da New York City Comptroller. "O Facebook tem um papel demasiado grande na nossa sociedade e economia. Tem uma responsabilidade social e financeira para ser transparente", acrescenta.

Zuckerberg controla direitos de voto. Ditadura?

A proposta deverá ir a votos na reunião anual de acionistas, em maio do próximo ano, mas as hipóteses de ser aprovada são reduzidas, uma vez que Zuckerberg, apesar de ter apenas 16% das ações do Facebook, controla quase 60% dos direitos de voto, devido à criação de uma classe especial de ações com direitos de voto 10 vezes superiores aos das ações normais. A forma quase "ditatorial" como Zuckerberg controla o Facebook é outra das preocupações dos investidores.

"O Facebook cresceu a um ritmo inacreditável, a estrutura acionista mudou e agora é tempo de também a governação mudar", escreveu no Financial Times a gestora do fundo de aposentadoria dos Professores do Estado da Califórnia (também acionista da rede social), Aeisha Mastagni. "Porque é que o senhor Zuckerberg precisa de de ter o controlo dos votos? É por não querer que a governança evolua como o resto da empresa? Se assim é, este sonho americano está a transformar-se numa ditadura."

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