"A soprano do metro": mulher sem-abrigo ganha contrato discográfico

Mulher de 52 anos vive nas ruas de Los Angeles e foi filmada por um agente da polícia da cidade a cantar uma ópera de Puccini. 'Tweet' da polícia chamou a atenção de produtor discográfico que lhe propôs um contrato discográfico.
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A mulher puxa um carrinho de compras e carrega vários sacos: é sem-abrigo, vive nas ruas de Los Angeles, EUA, e foi filmada por um agente da polícia, no metropolitano da cidade californiana, a cantar uma obra de Puccini O mio babbino caro, celebrizada por Maria Callas.

O curto vídeo partilhado no Twitter pelo departamento da Polícia de Los Angeles - que já ultrapassou um milhão de visualizações - valeu-lhe um contrato discográfico e a oferta de uma proposta para se tornar cantora profissional de ópera, segundo a comunicação social americana, citada pela Sky News. Mas não é ainda claro se a mulher o aceita.

"Quatro milhões de pessoas chamam casa a Los Angeles. Quatro milhões de histórias. Quatro milhões de vozes... Às vezes só precisamos de parar e ouvir uma, para ouvir algo bonito", escreveu a polícia. Emily Zamourka, a mulher de quem se fala, ficou incrédula com a reação das pessoas.

Segundo o canal de entretenimento TMZ, o produtor musical Joel Diamond ofereceu um contrato profissional a esta mulher com planos de editar um disco que será um "enorme sucesso de clássicos" para a "soprano do metro".

Violinista e pianista de formação clássica, Emily, 52 anos, cresceu na Rússia e mudou-se para Los Angeles em 1992 para realizar o sonho de se tornar cantora e intérprete, mas quando lhe roubaram o seu violino, em 2016, tornou-se muito difícil conseguir para pagar as suas contas e acabou despejada do seu apartamento. "Eles partiram, roubaram o meu violino quando eu tocava no centro da cidade. E foi aí que todos os meus problemas começaram", disse Emily.

Agora tudo parece ter mudado. "Se a vontade de Deus mudar a minha vida, eu rezarei e serei muito grata a qualquer um que esteja a tentar ajudar-me a sair das ruas. E ter o meu próprio lugar e o meu instrumento. De alguma forma, eu amo ainda estar na música."

Emily vai para já participar num evento promovido pela Associação Little Italy de Los Angeles no próximo sábado. E já deixou um agradecimento ao agente Frazier que a gravou.

Se esta parece uma história só possível na América, também houve um conto de fadas em Portugal. Dona Rosa vendia cautelas e pedia nas ruas da Baixa de Lisboa, enquanto cantava com ferrinhos. Um dia foi ouvida por um produtor austríaco, na Rua Augusta, e este propôs-lhe um contrato discográfico. Hoje, Dona Rosa já editou cinco álbuns (o último, Lisboa, em 2016, com os Oquestrada). Histórias da rua, o primeiro disco, já de 2000, foi o seu primeiro cartão-de-visita.

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