A complicada relação entre Donald Tusk e Jaroslaw Kaczynski
Donald Tusk era primeiro-ministro quando Lech Kaczynski, então presidente, morreu num acidente de avião a 10 de abril de 2010, perto de Smolensk, na Rússia. Jaroslaw Kaczynski culpa Tusk pelo acidente, apesar de um inquérito do governo da altura ter concluído que este foi causado por um erro do piloto e pelo mau tempo.
No entanto, o Lei e Justiça (PiS), o partido atualmente no poder e liderado por Jaroslaw Kaczynski, continua a atribuir as culpas ao executivo então liderado por Donald Tusk, tendo reaberto a investigação ao caso. Em agosto, o líder do Conselho Europeu foi ouvido como testemunha, não sem antes Kaczynski ter dito numa entrevista que Tusk tinha "razões... para ter medo". "A lei polaca deve ser obedecida e Donald Tusk é igual a qualquer outro", acrescentou o líder do PiS. A resposta chegou após o depoimento de Tusk. "Não tenho razões para ter medo e o senhor Kaczynski não me assusta", afirmou o presidente do Conselho Europeu.
Há cerca de um mês, Tusk comparou as políticas do PiS a um "plano do Kremlin", o que foi visto como um ataque ao partido de Kaczynski, aumentando a especulação em torno do seu possível regresso à política polaca quando terminar o seu mandato como presidente do Conselho Europeu, o que acontecerá em 2020.
"Alarme! Disputa amarga com a Ucrânia, isolamento dentro da União Europeia, afastamento do Estado de Direito e dos tribunais independentes, ataques ao setores das ONG e da imprensa livre - a estratégia do PiS ou um plano do Kremlin? Muito semelhante a dormir descansado", tweetou Tusk, em polaco, na sua conta pessoal.
Esta mensagem provocou uma resposta enfurecida da então primeira-ministra Beata Szydlo, que alegou que Tusk não tem feito "nada pela Polónia" em Bruxelas. "Hoje, usando a sua posição para atacar o governo polaco, ele está a atacar a Polónia", tweetou Szydlo.
Este não foi um caso isolado de confronto entre Tusk e Varsóvia. Em março, o governo tentou impedir a reeleição de Tusk à frente do Conselho Europeu, chegando a ameaçar a realização do Conselho Europeu desse mês. No fim, o polaco foi reeleito, inclusive com o voto da Hungria, mais fiel aliada da Polónia.