Moção de censura na Madeira decidida na véspera da votação
O sucesso da moção de censura do Chega ao Governo Regional da Madeira, presidido por Miguel Albuquerque, fica em suspenso até ao próximo domingo, 17 de novembro, véspera da sua votação na Assembleia Legislativa Regional. Isto porque o Juntos pelo Povo (JPP), atual terceiro maior partido da região autónoma, com nove deputados eleitos, agendou para esse dia a decisão quanto à orientação de voto.
Basta que o JPP junte os seus deputados aos quatro do Chega e aos 11 do PS para somar 24 votos, assegurando a aprovação da moção de censura, pois o Parlamento madeirense tem 47 mandatos. E é provável que pelo menos o deputado único da Iniciativa Liberal, Nuno Morna, também vote favoravelmente o texto, no qual se defende que“os responsáveis pela governação regional estão irremediavelmente comprometidos”.
Em causa estão problemas legais de grande parte dos governantes do PSD, com Miguel Albuquerque e os secretários regionais Pedro Fino, Pedro Ramos e Rogério Gouveia arguidos, no âmbito dos processos Zarco e Ab Initio, estando igualmente a ser investigado Eduardo Jesus, secretário Regional da Economia, Turismo e Cultura.
Num comunicado, o líder do JPP, Élvio Sousa, confirmou a realização de um plenário de militantes a meio da semana, “para analisar a situação”, ficando para domingo a reunião da Comissão Política Nacional do partido, que, além de nove deputados regionais, detém a presidência da Câmara de Santa Cruz.
Élvio Sousa citou no comunicado o romance Guerra e Paz, de Tolstoi, onde se lê que “os dois maiores guerreiros de sempre são o tempo e paciência”, princípios que considera “de ouro” perante a moção de censura do Chega, que diz ser como “o maior fiador” do Governo Regional da Madeira. “Há que manter os olhos e os ouvidos bem abertos, e a boca bem fechada”, aconselha.
Ainda assim, após o líder regional do PS, Paulo Cafôfo, revelar o voto a favor da moção do Chega, apesar do parágrafo sobre a “incapacidade evidente e crónica” do seu partido, fontes ouvidas pelo DN duvidam de que o J PP trave a queda do Governo de Miguel Albuquerque e a provável realização de novas Eleições Regionais, que seriam as terceiras desde 24 de setembro de 2023.