Dezenas de jornais em risco de fechar por falta de papel e chapas
Dezenas de jornais da Venezuela estão em dificuldades devido à falta de papel e chapas para impressão, denunciou hoje a ONG Expressão Livre (EL), alertando que "a maioria" dos diários venezuelanos estão em vias de "encerramento técnico".
A denúncia foi feita pela jornalista Sílvia Alegrett, coordenadora da EL, que responsabiliza o Governo pela situação por não autorizar que as empresas acedam a dólares para pagar as importações, na sequência do controlo cambial que desde 2003 vigora no país e impede a livre obtenção local de moeda estrangeira.
A coordenadora da EL fez a denúncia após uma reunião com a empresa estatal Alfredo Maneiro, responsável pela atribuição de papel para a imprensa nacional.
"Da Alfredo Maneiro reconheceram, finalmente, que apenas entregaram 400 toneladas de papel de jornal, das mil toneladas que foram solicitadas. Também se confirma a ausência de chapas de impressão suficientes, em proporções semelhantes, com a agravante de que muitos editores pagaram antecipadamente e não receberam o que pediram", disse.
Segundo Sílvia Alegrett, a gravidade da situação implica um eventual encerramento dos jornais à medida que se esgotem as reservas, reduzindo postos de trabalho e limitando a pluralidade informativa.
"Esta atitude irresponsável do Estado acelera a agonia dos diários venezuelanos. Dá um golpe mortal à liberdade de expressão e de informação, pilares fundamentais de uma sociedade democrática moderna", frisou.
Por outro lado Eduardo Orozco, porta-voz da organização Jornalistas e Ponto, explicou que a crise no setor da imprensa é agravada pela "crescente tendência de mudanças dos hábitos de leitura", em que se privilegia a leitura pelas plataformas digitais, através de computadores e 'smartphones' em alternativa aos jornais impressos.