As incertezas partem de Dragonstone
Há costumes que não se alteram. Por exemplo, a forma parcimoniosa (sejamos simpáticos, que a série assim o justifica) como são dadas as informações quanto ao enredo de A Guerra dos Tronos. Veja-se o caso dos elementos fornecidos pelos produtores relativamente ao episódio que estreia a sétima temporada, que se chama Dragonstone e que vai para o ar amanhã, 16 de julho, nos Estados (em Portugal será às 22.15 de segunda-feira no canal SyFy) mais de um ano depois (26 de junho de 2016) de The Winds of Winter, capítulo que encerrou de forma gloriosa a sexta época, nos ter deixado em suspenso quanto aos destinos próximos de Jon Snow, Cersei, Jamie e Tyrion Lannister, de Daenerys Targaryen. O que consta, então, da sinopse? Isto: "Jon organiza a defesa do Norte. Cersei tenta, pelo seu lado, equilibrar as hipóteses. Daenerys chega a casa." Digamos que a base de trabalho não é muita...
São incertos caminhos a percorrer pelas personagens já nossas conhecidas e pelas que vão chegar - sabe-se, por exemplo, que o veterano ator inglês Jim Broadbent (já vencedor de um Óscar, em Iris, de 2001, e figura destacada em filmes como Moulin Rouge!, Gangs de Nova Iorque, A Dama de Ferro ou A Senhora da Furgoneta) será um dos estreantes para esta nova fase e que vai manter-se em grande parte dos episódios desta sétima "jornada", mais curta do que as anteriores - sete episódios em vez dos dez das temporadas anteriores.
Esta não é, de resto, a única mudança registada: para que houvesse concordância com os últimos acontecimentos, as filmagens saltaram da primavera/verão para o inverno, decorrendo até fevereiro deste ano e, assim, motivando o atraso no arranque da época, que passou para julho, ao contrário do calendário anterior e que insistia em março ou abril para a "abertura de portas". Mas regressemos ao enredo: grande parte da incerteza fica a dever-se à circunstância de o fio condutor de A Guerra dos Tronos há muito se ter autonomizado dos livros de George R.R. Martin, convocado para consultor da série, mas que, nos tempos mais recentes, mais não é do que uma fonte inspiradora, mas sem "poder executivo".
Parece certo que os próximos passos do argumento contarão com um peso crescente de Daenerys e da Casa Targaryen - o título deste primeiro episódio refere-se ao centro nevrálgico do clã, ilha e castelo, local do nascimento da rainha loura. De resto, esta será a primeira vez, desde o arranque da série, que Daenerys pisa o solo de Westeros, uma vez que se viu forçada a deixar o continente pouco depois de ter nascido para escapar aos perseguidores, rumando a Essos, de onde agora regressa, fortalecida e com pretensões a ocupar o Trono de Ferro. Algo que não contará seguramente com o acordo de Cersei, que aproveita a "redecoração" da sala do Trono para reforçar "visualmente" o poder dos Lannister, introduzindo um novo símbolo da família em local bem visível...
Quanto ao primeiro episódio, só mais duas curiosidades: as presenças, em cameos de objetivo desconhecido, de duas celebridades das Ilhas Britânicas - o cantor inglês Ed Sheeran e o lutador irlandês Conor McGregor. Mais adiante, a HBO - que confirmou que a oitava época vai marcar a despedida derradeira de A Guerra dos Tronos, embora admita a possibilidade de contratar um spin-off - manteve a sua avareza habitual. Ora vejam: "Daenerys recebe uma visita inesperada. Jon enfrenta uma revolta. Tyrion planeia a conquista de Westeros."
Como se compreende, não dispensa a consulta (entusiasmada) de todos e de cada um dos episódios que agora começam a chegar.