A primeira-dama do cinema vai produzir e interpretar em TV
A negociação para Meryl Streep interpretar a adaptação a TV do livro The Nix, editado este ano e da autoria de Nathan Hill, está em cima da mesa. A concretizar-se, a atriz será ainda, com J.J. Abrams, coprodutora executiva da série e junta-se assim a uma já grande lista de intérpretes norte-americanos que fizeram carreira no cinema e, agora, estão a trocá-lo pelo pequeno ecrã.
A aproximação à televisão já tinha sido feita há dois anos, quando foi anunciado que aquela que é tida como a primeira-dama da sétima arte - e "a melhor atriz da sua geração", título que a própria recusa - iria vestir a pele de Maria Callas num telefilme da HBO. Esta produção nunca chegou a ser concluída. Até então, Streep tinha apenas feito participações em alguns títulos - como a webserie Web Therapy (2012), a minissérie Anjos na América (2003) ou King of the Hill (1999). Umas maiores do que as outras, mas nenhuma delas com relevância suficiente.
A notícia de que a atriz, de 67 anos, poderá dar o salto para a televisão vem mostrar que a linha que separa esta do cinema é cada vez mais ténue e acontece dias depois de se saber que também David O. Russell está a preparar uma série. Esta será protagonizada por Julianne Moore e Robert De Niro. No caso de De Niro, será mesmo uma estreia no pequeno ecrã.
A qualidade, seja de produções, seja de argumentos, é apontada como a grande causa desta migração. Mas também os rendimentos, que na grande tela não se revelam "tão lucrativos" como em outros tempos. "Assim que é dada luz verde a um projeto televisivo, já ninguém vai voltar atrás. Todos vão receber os valores acordados e garantem trabalho para o ano seguinte", explica Megan Angelo, crítico do The New York Times e da revista Glamour. Além disso, frisa, a televisão já não é só para os profissionais que não conseguem chegar ao cinema. "Tornou-se mais sofisticada. Se olharmos hoje em dia para o canal Fox, e compararmos os seus programas de ficção com os que eram emitidos há alguns anos, vemos que estão bastante mais cinematográficos."
E, porque a linha está a dissipar-se, a migração faz-se também no sentido inverso: o impacto da ficção televisiva tem feito que a indústria cinematográfica deixe de lado o preconceito e resgate intérpretes para os seus grandes filmes. Aconteceu, por exemplo, com Benedict Cumberbatch, o ator britânico que viu as portas das salas de cinema abrirem-se depois de ter sucesso internacional com a premiada série Sherlock, da BBC. Cumberbatch será Stephen Strange no filme da Marvel Doutor Estranho, que se estreia em novembro em Portugal, e tem outros três títulos em agenda.
Sobre The Nix, sabe-se que estará a cargo da Warner Bros. Falta divulgar, entre outros detalhes, onde é que os espectadores vão poder ver esta história - de Faye e Samuel Andresen-Anderson, uma mãe que regressa décadas depois de ter abandonado a família e que se torna centro de controvérsia. É que a companhia tem produções presentes em vários canais, da HBO ao TNT, passando pelo Showtime e pela Netflix.