Zona de Livre Comércio Africana deverá entrar em vigor em junho
"Em princípio, até junho vai entrar em vigor e depois vamos passar por várias etapas", disse o académico guineense à agência Lusa, à margem de uma palestra no Instituto Real de Relações Internacionais Chatham House, onde apresentou o seu livro mais recente, "África em Transformação".
A primeira etapa, disse, é a harmonização tarifária de 90% em mercadorias e serviços, seguindo-se a negociação de termos para certo de tipo de serviços, como o comércio eletrónico, o estabelecimento de acordos sobre propriedade intelectual e sobre um mecanismo de resolução de disputas.
"Quando chegarmos a esses vários mecanismos, estaremos preparados para começar a discutir o resto da harmonização tarifária porque, em matéria comercial, o que fica de fora é sempre o mais importante do que o que fica dentro", vincou o antigo secretário executivo da Comissão Económica das Nações Unidas para África.
A harmonização tarifária universal é a parte "mais difícil e que pode demorar tempo", admitiu, mas só depois de estar completa é que se pode "falar de mercado comum".
Ainda assim, Carlos Lopes considera que o processo tem sido rápido: "A etapa equivalente de negociações, os europeus demoraram três anos mais do que os africanos estão a demorar. Não é mau".
A ratificação pela Gâmbia do tratado de criação da zona de livre comércio africana no início do mês permitiu atingir o número mínimo de 22 países necessários para avançar com o projeto, embora no total conte com a adesão de 52 países.
Foi durante os quatro anos à frente da Comissão Económica das Nações Unidas, entre 2012 e 2016, que Carlos Lopes deu o impulso à ideia da zona de comércio livre africana.
Além de professor na Escola de Governação Pública Nelson Mandela, na Cidade do Cabo, e na universidade de Science Po, em Paris, continua dedicado às questões comerciais, sendo, desde o ano passado, o alto representante da União Africana para as negociações com a União Europeia.
"O futuro comercial da África é muito promissor, se forem tomadas as boas medidas", garantiu.