Vila Flor abre ao público o Cabeço da Mina e promete revelar um "segundo Côa"
O local do Cabeço da Mina, no município transmontano de Vila Flor, que há décadas desperta o interesse dos arqueólogos, promete revelar ao público vestígios de ocupação pré-histórica comparados pelos responsáveis locais a um "segundo Côa".
Desde a década de 1980 que em terras da freguesia de Assares, escavações arqueológicas têm desenterrado testemunhos da presença humana datáveis do Calcolítico, cerca de três mil anos antes de Cristo. O Cabeço da Mina está classificado com "Interesse Público" e há quase 20 anos começou a ser construído um edifício para Centro Interpretativo que vai ser inaugurado, na sexta-feira, para mostrar ao público a importância do local.
"Existe o Côa e depois Assares, em termos arqueológicos", afirmou à Lusa o presidente da Câmara de Vila Flor, Fernando Barros, que a partir de sexta-feira espera chamar a atenção do turismo para este local com a abertura ao público do Núcleo Interpretativo do Cabeço da Mina financiado pelas medidas de compensação da Barragem do tua e coordenado pela Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN).
O autarca deste município do distrito de Bragança explicou à Lusa que o edifício já estava construído "há 17, 18 anos", mas nunca foi preenchido a nível de conteúdos.
A barragem de Foz Tua garante uma verba de cerca de 300 mil euros a cada um dos cinco municípios da sua área de influência aplicar neste tipo de obras e Vila Flor aproveitou a sua quota-parte para concluir este projeto.
O núcleo vai mostrar alguns achados arqueológicos, reproduções e conteúdos com motivos de interesse desta zona.
O local do Cabeço da Mina está, como explicou o autarca, em propriedade privada. A família proprietária do terreno permitiu as escavações, mas o local não será visitável. O espaço museológico está projetado para permitir aos visitantes uma "viagem" pela importância arqueológica, com testemunho de alguns achados, segundo a apresentação institucional.
Este é "o resultado de um trabalho longo de uma equipa técnica" e sobretudo graças às investigações conduzidas no local entre os meados dos anos oitenta e o início da década de noventa pelos conhecidos arqueólogos Francisco Sande Lemos e Orlando Sousa.
Este arqueossítio passou a centralizar o interesse da comunidade científica nacional, designadamente através da sua apresentação em encontros internacionais e, em 2014foi classificado de "Interesse Público".
O "Cabeço da Mina" está situado numa pequena elevação do Vale da Vilariça, na margem direita sobranceira à ribeira do mesmo nome.
"O estudo dos artefactos identificados durante as campanhas arqueológicas aponta para a existência de um santuário pré-histórico, datável do Calcolítico (c. do 3.º milénio a. C.), como parece indicar a interpretação tipológica e estilística dos seus elementos constituintes", indicam os responsáveis.
O presidente da Câmara espera com este novo equipamento que o "concelho tenha em Assares mais um ponto de atração, cultural e turística".