Numa carta enviada na terça-feira ao ministro do Ambiente português, João Pedro Matos Fernandes, que hoje vai estar presente na reunião do Conselho Europeu do Ambiente no Luxemburgo, a SPEDM apela à União Europeia que "passe à ação no combate à ameaça" daquelas substâncias químicas..Em causa estão os Disruptores Endócrinos Químicos (DEQs), substâncias químicas que podem interferir no sistema endócrino do corpo, presentes em alimentos, cosméticos, móveis, produtos de limpeza, brinquedos e água potável. ."Embora parte do impacto sobre a saúde humana e animal permaneça desconhecida, evidências crescentes associam os DEQs a inúmeras doenças, às vezes letais", realça a Sociedade..Para ajudar a combater aquela "ameaça", a SPEDM sugere várias medidas a nível legislativo e político em Portugal e na União Europeia que possam reduzir o impacto das DQEs na população..Entre as medidas sugeridas está a "aplicação do princípio da precaução para todos os (potenciais) DEQs até que nova investigação possa determinar os efeitos exatos de pequenas e grandes concentrações de DQEs na saúde humana e animal"..A Sociedade defende também a criação de uma definição comum para os DQEs que será "aplicada horizontalmente em todas as leis relevantes da União Europeia, em comparação com o regulamento sobre pesticidas"..De acordo com a SPEDM, um "composto identificado como um DEQ ao abrigo da legislação da UE, não deve ser comercializado no mercado através de uma lacuna legislativa"..A SPEDM defende que os regulamentos setoriais específicos "devem explicitamente exigir dados que permitam a identificação de DEQs conhecidos, presumidos e suspeitos, usados ou a serem usados em qualquer setor"..Na missiva, é ainda recomendada uma aceleração dos métodos de testes atuais ou substituição de DEQs por alternativas mais seguras..A Sociedade diz que a atual estratégia da União Europeia data de 1999 e está "claramente ultrapassada tendo em conta os progressos científicos alcançados nas últimas décadas.."Apesar dos repetidos apelos feitos por grupos de consumidores, organizações científicas e numerosas ONG [Organizações Não Governamentais], a Comissão Europeia não tomou medidas suficientemente claras para essa estratégia", é destacado..Por isso, a Sociedade apela à UE que "adote conclusões em consonância com a resolução do Parlamento Europeu do passado mês de abril (a Comissão Europeia deve "tomar rapidamente todas as medidas necessárias para garantir um elevado nível de proteção da saúde humana e do ambiente contra os DEQs"), e instam a Comissão Europeia a renovar a estratégia relacionada com esta matéria"..A SPEDM lembra ainda um estudo da UE que tem associado os DQEs com distúrbios do desenvolvimento, diminuição do Coeficiente de Inteligência, autismo, transtornos da hiperatividade, obesidade, cancro do testículo e infertilidade masculina. .É também associado a vários cancros raros (especialmente em crianças), osteoporose, doenças da tiróide, doenças metabólicas (por exemplo, diabetes, hipertensão e obesidade), defeitos congénitos e inúmeras outras áreas de doenças ou problemas de saúde."Estima-se que o impacto financeiro dos DQEs seja de 157 mil milhões de euros por ano, ou seja, 1,23% do Produto Interno Bruto da União Europeia, devido às doenças descritas e à perda de produtividade", é referido.