\tCriado há quatro anos, o ProPALOP/TL, financiado em 6,4 milhões de euros pela União Europeia (UE), foi bastante elogiado por Bruxelas, que encara, em moldes ainda a definir, a continuidade do projeto, e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que ficou "surpreendido" com os resultados alcançados..\t"Este projeto lida com uma área complexa, a do controlo externo da gestão das finanças públicas. É normalmente hermética, em que o ecossistema funciona com diferentes atores. E é da interdependência de cada um em desempenhar o seu papel que o ecossistema funciona melhor ou pior", disse à agência Lusa o economista guineense Ricardo Godinho Gomes, gestor do ProPALOP/TL, na sessão de encerramento hoje em Lisboa..\tJuntar desde 2014 presidentes de Tribunais de Contas, parlamentares e de Ministérios das Finanças de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e de Timor-Leste (apenas se juntou em 2016) permitiu perceber a importância destes pequenos contributos para a gestão das finanças públicas.."Há um consenso à volta dos países beneficiários do projeto de que a questão da gestão das finanças públicas, transparente, eficiente e responsável, está cada vez mais no centro das políticas desses países e na própria evolução das instituições de controlo externo, o político, o técnico e a sociedade civil", sublinhou Godinho Gomes, salientando que 99,99% do montante do projeto foi executado..A constituição de uma "comunidade de práticas", que junta os PALOP e Timor-Leste, os diferentes atores do controlo externo e da gestão das finanças públicas é, para o gestor do projeto, o "grande ganho" da iniciativa, pelo que o balanço é "bastante positivo", pois criou as bases de referência para que, com financiamento bilateral ou multilateral, se progredir para novos desafios.."Existem muitas iniciativas a inspirarem-se nesta que foi a primeira a nível mundial que juntou numa lógica de ecossistema todos esses atores. Na região do Pacífico já há uma iniciativa muito similar e hão de surgir muitas mais com atores e financiadores", lembrou..Opinião corroborada pela delegada da UE em Cabo Verde, Sofia Moreira de Sousa, e pela responsável do Sistema das Nações Unidas no arquipélago, Ulrika Richardson, que, em declarações à Lusa, lembraram "as boas práticas" que o projeto traz a boa governação", pelo que terá de haver agora a "consolidação dos resultados".."A ideia deste tipo de projetos é a de sustentabilidade no sentido de dar condições para a criação de instrumentos que possibilitem a fiscalização dos dinheiros públicos. Os projetos têm um limite, prevendo-se normalmente que as consequências dos resultados alcançados perdurem e que, depois, as entidades nacionais desenvolvam mecanismos para continuar os resultados e os projetos definidos", salientou Moreira de Sousa..No entanto, acrescentou, dado que os "resultados excederam as expectativas", Bruxelas já foi informada e existe "vontade" em continuar faltando definir em que moldes, o montante a financiar, para que se possa capitalizar e consolidar a ideia subjacente à transparência das contas públicas.."Estou muito confiante em que haja um «follow-up». Vamos trabalhar os resultados e capitalizá-los. Não será um ProPALOP/TL II, mas tem de ser o «next step»", disse..Por seu lado, a responsável das Nações Unidas em Cabo Verde, país que acolheu desde logo a ideia, desenvolvendo-a e apresentando-a aos doadores, avaliou o projeto de forma "muito positiva", tendo também em conta o facto de tratar de "questões políticas sensíveis", como o reforço do exercício do controlo da coisa pública com maior transparência, fiscalização e responsabilização.."Para o PNUD, que na ONU tem esse mandato sobre a boa governação, é fundamental. Tem sido enormemente importante porque também nos tem dado pistas sobre como trabalhar esse aspeto noutras regiões. É um projeto que não pode terminar ao fim de três, quatro ou cinco anos. São temas que levam tempo", frisou.."Agora temos uma excelente base de resultados, mas, para realmente ser consolidada e interiorizada, é absolutamente fundamental que haja um projeto de continuação, que pode ter algumas variantes, para consolidar os resultados", disse.."O PNUD está muito satisfeito. É uma temática que está no centro do nosso mandato, porque está ligado ao reforço do Estado de Direito, ao respeito da dignidade humana e dos direitos humanos e isso é fundamental. Temos aprendido com o projeto para ver como se pode trabalhar nessa área", concluiu Ulrika Richardson.