Em comunicado, a autarquia do Porto refere que a operação decorreu de madrugada e que em causa está um espaço municipal cedido ao Instituto Politécnico do Porto (IPP)..A Escola Básica José Gomes Ferreira, fechada em 2013 por alegada falta de alunos, localiza-se na Travessa de Campos, perto da estação de metro de Faria Guimarães, freguesia de Santo Ildefonso. .A nota camarária descreve que durante a operação policial foram constituídos arguidos 21 indivíduos de três nacionalidades, por "ocupação ilícita de espaço vedado ao público"..Também foram "apreendidas várias doses de estupefacientes", bem como "identificados estragos diversos e importantes no edifício, nomeadamente, no sistema de segurança, quadro elétrico, casas de banho, vidros, entre outros", refere.."Além da intrusão ilegal no equipamento municipal cedido ao IPP, que paga à Câmara do Porto o seu arrendamento, e dos estragos provocados naquele bem público, os indivíduos tinham colocado no seu interior e exterior diversas mensagens a desafiar as autoridades", lê-se na nota camarária..A Câmara do Porto frisa que "a intervenção não provocou qualquer dano físico nem nos ocupantes nem nos agentes policiais envolvidos, dada a rapidez, profissionalismo e eficácia de que se rodeou", mas acusa os "ocupantes" da escola de terem "em permanência vigilantes que, aparentemente, se preparavam para resistir, como indicia a presença de extintores, já sem cavilha e prontos a serem utilizados contra uma eventual intervenção".."Os indivíduos pernoitavam no edifício em condições de insalubridade e tinham já instalado uma pequena cozinha, também sem quaisquer condições de segurança e salubridade", termina a nota..Ainda segundo a autarquia, o IPP investiu cerca de 100 mil euros em obras e prepara-se para dar uso ao espaço em causa através de áreas educativas e artísticas..A agência Lusa constatou no local que a escola está a ser vigiada por elementos da PSP..Quanto à ocupação à qual a Câmara do Porto se refere, a Lusa não conseguiu chegar à fala com nenhum responsável pela ideia..No entanto, num 'blogue' - "A Travessa dos Campos, espaço okupado" -, encontra-se a seguinte mensagem alusiva: "Decidimos ocupar um espaço abandonado há anos, onde nos possamos autogerir, sem hierarquias nem delegações, sem pedir autorização às instituições e sem negociarmos com elas, recusando assim qualquer tipo de autoridade por ser um obstáculo à livre expressão individual e coletiva e às livres relações sociais"..No 'blogue' é possível encontrar a descrição das atividades marcadas para o último fim de semana e para o espaço em causa, como o ensaio de uma orquestra de músicas de intervenção ou uma oficina de segurança informática. Encontra-se ainda este apelo: "Durante esta primeira semana podem vir conhecer a Travessa, ajudar nas limpezas, na cozinha, nos jogos, na partilha de ideias e recolha de materiais"..Um caso de contornos aparentemente similares ocorreu em 2011 também no Porto. Em maio daquele ano, sete elementos do designado movimento ES.COL.A do Alto da Fontinha, que ocupavam o edifício daquele estabelecimento de ensino há cerca de um mês, foram despejados e detidos pela polícia.