Pietec deixa de produzir rolhas tradicionais e dedica-se em exclusivo a microgranulado

A corticeira Pietec, propriedade do grupo francês que detém 20% do mercado mundial de rolhas vínicas, vai passar a produzir exclusivamente em microgranulado e alterar os contratos dos 41 trabalhadores.

Segundo revelou à Lusa fonte oficial da empresa do grupo Oeneo, instalada em Santa Maria da Feira, "a Pietec tomou a decisão de descontinuar a produção de rolhas técnicas tradicionais e reforçar o investimento estratégico na produção de rolhas de microgranulado, o que obriga a um processo de reestruturação com a consequente eliminação de 41 postos de trabalho afetos aos setores de rolhas tradicionais e a métodos de produção mais obsoletos".

No entanto, a mesma fonte garante que todos esses funcionários serão "convidados a integrar as novas funções da empresa, sem perda de antiguidade".

"A Pietec pretende dar aos trabalhadores abrangidos pela referida reestruturação a oportunidade de, mediante acordo a eventualmente celebrar com a empresa, manterem os respetivos contratos de trabalho, transitando para a unidade de produção de rolhas de microgranulado", revela. "Procurará disponibilizar todas as condições para a transição dos interessados, designadamente criando as condições logísticas para o efeito e apostando na sua formação profissional", acrescenta.

A aposta da Pietec numa só linha de produto resulta da estratégia de longo prazo para crescimento do grupo Oeneo, que é atualmente o "segundo maior produtor mundial de rolhas de cortiça" e que, ao adotar processos de fabrico mais inovadores, visa reforçar a sua já "crescente aceitação por parte dos produtores de vinhos".

Essa procura deve-se sobretudo à marca Diam, que fonte oficial da Pietec diz ser reconhecida pelo seu caráter "tecnológico de excelência no campo da cortiça, servindo o mundo do vinho com uma quota de mercado global de 20%".

A unidade de Santa Maria da Feira foi adquirida pela Oeneo em 2015, emprega hoje 135 trabalhadores diretos e, quando adotar em exclusivo o microgranulado de cortiça, "passará a funcionar em regime de laboração contínua" - ao que a Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) já se opôs em abril deste ano, após um plenário na fábrica.

A empresa da Feira realça, contudo, que as rolhas de microgranulado representam "uma área produtiva estratégica para a Pietec e para o Grupo Oeneo", que, nos últimos dois anos, "cresceu mais de 19% nessa atividade". Desde 2015, a unidade portuguesa vem, aliás, investindo "dois a quatro milhões de euros por ano" nesse segmento, "nomeadamente na melhoria de processos de fabrico e no aumento da capacidade produtiva, com a aquisição e renovação de equipamento".

A fase de produção exclusiva de rolha de microgranulado deve iniciar-se apenas quando cumpridos integralmente os contratos ainda vigentes relativos a encomendas de rolhas tradicionais. Já no que se refere ao regime de laboração contínua, que foi pela primeira vez anunciado aos trabalhadores "há mais de um ano", "não é expectável que a sua implementação ocorra antes de 2019".

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