Mais de 11 milhões de toneladas de resíduos movidas com guias eletrónicas este ano
"Conseguimos rastrear a circulação de resíduos em Portugal de uma forma transparente e rápida. Antes, tínhamos guias em papel que chegavam muitas vezes depois de feita a transferência dos resíduos. Hoje, podemos verificar a origem, o destino e as quantidades de resíduos, desde os que produzimos em casa às empresas", afirmou à Lusa o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta.
A aplicação obrigatória das guias eletrónicas começou em janeiro deste ano e envolve 80 mil produtores registados, 12 mil transportadores e 3.700 destinos para resíduos.
De entre o universo de produtores, 420 são responsáveis por cerca de metade do total de toneladas de resíduos movidas.
Diariamente, é submetida uma média de 14 mil guias, o que dá um total de 2,97 milhões de guias este ano, que significou a poupança de três toneladas de papel em relação a antes deste ano, quando era preciso preencher três formulários diferentes.
"Antes, pagávamos dois e quatro euros por formulário, hoje custa 80 cêntimos e não há papel, há uma ferramenta eletrónica". salientou Nuno Lacasta.
A maior parte dos resíduos transportados provem da construção e demolição de estruturas e das instalações de gestão de resíduos.
O presidente da agência ambiental afirmou que o projeto está a "ser visto como uma referência, com vários países e a Comissão Europeia a perguntarem como se faz" e indicou que poderá vir a haver guias eletrónicas para o setor da pecuária e transporte de animais.
Na apresentação do balanço, que decorreu hoje no Laboratório nacional de Engenharia Civil, em Lisboa, o secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, indicou que há ainda mais a fazer para reforçar a fiscalização, envolvendo a GNR/SEPNA e a PSP, reconhecendo que ainda "há alguns operadores que querem contornar as suas obrigações".
Os casos de "chico-espertice" são aqueles em que a fiscalização se vai concentrar: "já os identificámos, não vai demorar a irmos à procura deles", declarou.